Tamika Johnson, 44, de Chicago, postou vídeos no TikTok neste mês sobre seus pedidos da Shein, o gigante chinês de comércio eletrônico. Ela estava nervosa com possíveis atrasos nas entregas diante das tarifas iminentes.
Seus 213 mil seguidores comentaram enquanto ela compartilhava atualizações sobre suas compras de roupas e malas, detalhando seus próprios planos para pedidos de última hora e compartilhando preocupações sobre seus envios.
“As pessoas estão muito preocupadas”, disse, em entrevista, Johnson, que publica no TikTok sob o apelido @TammyTheBlackPrepper. “Estou tentando estocar agora roupas e as coisas de que preciso.”
Johnson é uma das muitas consumidoras americanas que têm postado ansiosamente no TikTok e Reddit sobre uma mudança iminente induzida pela administração Trump para as empresas chinesas de comércio eletrônico Shein e Temu, que vendem itens baratos como vestidos de US$ 8 (R$ 47) e carrinhos de US$ 14 (R$ 82). A partir de 2 de maio, a administração Trump está prestes a encerrar uma brecha comercial que permitia a entrega de produtos ultrabaratos de fábricas chinesas diretamente às portas dos americanos sem estarem sujeitos a impostos. Isso adicionará novas taxas elevadas aos pacotes da Shein e Temu.
Pelo menos alguns vendedores no TikTok Shop, o crescente mercado do popular aplicativo, e no AliExpress, outro site chinês de comércio eletrônico, também serão afetados.
O alarme de muitos americanos reflete a profunda penetração que os marketplaces chineses fizeram nos Estados Unidos, atraindo consumidores de lojas de dólar e outros varejistas de desconto com preços reduzidos e amplas seleções.
“Tantas pessoas trouxeram essas empresas para suas vidas”, disse Simeon Siegel, analista de varejo da BMO Capital Markets. “Empresas cuja principal razão de existir era o preço mais barato —e a razão pela qual conseguiam oferecer o preço mais barato era devido aos benefícios de envio— terão que se esforçar muito para encontrar uma maneira de justificar seus preços.”
O fim da brecha, conhecida como isenção de minimis, afetará pacotes da China, incluindo Hong Kong, avaliados em até US$ 800 (R$ 4.704). Produtos enviados através do Serviço Postal dos EUA enfrentarão uma tarifa equivalente a 120% do valor das mercadorias, a partir de 2 de maio, ou uma taxa de US$ 100 por pacote, disse a Casa Branca na semana passada. A taxa, que será cobrada pela Alfândega e Proteção de Fronteiras, aumenta para US$ 200 (R$ 1.176) em junho, disse a agência. Itens enviados da China através de outras transportadoras, como UPS, enfrentarão tarifas de até 145% do valor das mercadorias.
Um porta-voz da Alfândega e Proteção de Fronteiras disse que os envios de minimis de transportadoras como UPS ou FedEx exigirão que os importadores registrem-se na agência e paguem as taxas relacionadas.
Não está claro exatamente como as novas tarifas funcionarão. Na maioria dos casos, os consumidores são responsáveis pelo pagamento das taxas, mas permanece nebuloso se os varejistas as adicionarão ao custo dos itens ou se os clientes terão que pagar para receber seus pacotes.
Shein e Temu publicaram avisos em seus sites esta semana dizendo que os consumidores enfrentarão ajustes de preços a partir de 25 de abril e que devem fazer compras antes dessa data, sem detalhar por que escolheram essa data. A Shein recusou-se a comentar; a Temu não respondeu a um pedido de comentário.
O TikTok, em um aviso separado em mandarim para vendedores do TikTok Shop, enfatizou a data de 2 de maio e disse que ajudaria com ajustes de preços a partir de 27 de abril para ajudar a cobrir as novas tarifas. O TikTok não respondeu a um pedido de comentário.
O presidente Donald Trump disse que as novas taxas ajudarão a combater o contrabando de drogas, afirmando que o fentanil e seus ingredientes precursores estavam entre os itens que entravam sorrateiramente nos Estados Unidos através de remessas de minimis. A Alfândega e Proteção de Fronteiras disse em um comunicado que “está pronta para implementar totalmente as restrições sobre remessas de minimis e coletar toda a receita devida por essas remessas.”
O comércio de pacotes baratos enviados da China explodiu na última década. As entradas de minimis dispararam para mais de 1 bilhão em 2023, de 153 milhões em 2015, e a maior fonte desses produtos é a China, de acordo com um relatório do Serviço de Pesquisa do Congresso de janeiro. O valor médio dessas remessas foi de US$ 54 (R$ 317,53) em 2023, disse o relatório.