A fabricante norte-americana Boeing enfrentou, nesta quinta-feira (17), novas dúvidas sobre o impacto das tarifas às exportações para a China, com atenção voltada para o destino de jatos que estão em uma fábrica de acabamento próxima a Xangai. A situação ocorre em meio a relatos de uma possível proibição chinesa às importações da Boeing, como retaliação às tarifas impostas pelos EUA, embora o status oficial das regras ainda seja incerto.
Dados recentes do Flightradar24 mostraram que quatro aviões 737 MAX estão parados em um centro de finalização na China, e há informações de que pelo menos um deles pode ser devolvido aos Estados Unidos sem entrega. A Boeing não quis comentar.
No início desta semana, foi relatado que a fabricante de aviões enfrentaria uma proibição chinesa de importações, como parte de um confronto crescente sobre as tarifas globais “recíprocas” do governo do presidente dos EUA, Donald Trump.
Em um sinal de que a Boeing estava se preparando para transações normais apenas algumas semanas antes de Trump anunciar tarifas, em 2 de abril, dados de rastreamento mostraram quatro novos aviões 737 MAX parados em um centro de conclusão e entrega em Zhoushan, onde a Boeing instala interiores e faz pinturas antes de entregar as aeronaves aos clientes na China.
Três chegaram em março e um chegou na semana passada da Boeing em Seattle, de acordo com o Flightradar24.
No entanto, a publicação de aviação The Air Current informou nesta quinta-feira que o primeiro de três desses aviões foi marcado para ser recolhido aos Estados Unidos sem entrega.
A fabricante de aviões inaugurou a fábrica a sudeste de Xangai em 2018, em meio a uma rodada anterior de tensões comerciais entre Washington e Pequim durante a primeira presidência de Trump.
Embora a Boeing não tenha seguido a europeia Airbus ao montar aviões completos na China, analistas disseram que o objetivo era construir uma liderança em um dos maiores mercados de viagens aéreas do mundo.
Fontes da indústria aeroespacial e de companhias aéreas disseram que não houve confirmação de uma proibição formal de entregas da Boeing, conforme relatado no início desta semana pela Bloomberg News, mas que a imposição de tarifas bloquearia efetivamente as importações por enquanto.
Uma fonte sênior do setor disse que a Boeing e os fornecedores estão se planejando com base no fato de que a empresa não entregará aviões para a China neste momento.
O Ministério das Relações Exteriores da China não quis comentar.
“Eu o encaminharia às autoridades competentes”, disse um porta-voz ao ser 1uestionado pela mídia sobre a proibição relatada.
ENTREGAS NO LIMBO
No setor aeroespacial, Zhoushan é o mais recente ponto de parada em uma crescente guerra comercial liderada pelos EUA. Fabricantes de aeronaves, companhias aéreas e fornecedores estão revisando contratos após a Reuters noticiar que a fornecedora norte-americana Howmet Aerospace iniciou um debate sobre o custo das tarifas, ao declarar um “evento de força maior”.
A confusão sobre a mudança de tarifas pode deixar muitas entregas de aeronaves no limbo, com alguns executivos de companhias aéreas dizendo que adiariam a entrega dos aviões em vez de pagar taxas.
Historicamente, a Boeing enviava um quarto de suas entregas para a China, mas a proporção vem caindo devido a tensões comerciais anteriores, uma crise de segurança do 737 MAX e o impacto da pandemia da Covid-19.
Analistas disseram que uma interrupção de curto prazo nas entregas para a China não teria um impacto imediato importante na Boeing, já que ela poderia atender outras companhias aéreas, enquanto a europeia Airbus não tem capacidade ociosa.
A longo prazo, porém, a China continua sendo um mercado estratégico. A Boeing afirma que a China mais que dobrará sua frota até 2043, com o país prestes a ultrapassar os EUA em termos de tráfego aéreo.