No Campeonato Brasileiro, e não só, pelo Planeta Bola, é notória a perda de gols pelos atacantes até mesmo na hora do pênalti, quando os goleiros perderam o medo.
Basta dizer que o aproveitamento da marca da cal na última Copa do Mundo, onde se supõe estarem os melhores jogadores, foi de apenas 58%, em 31 cobranças, no tempo normal, em prorrogações e em disputa por pênaltis, com 18 gols.
Transfira para o número de tentos desperdiçados nos torneios pelo mundo afora e constate que há uma inversão de valores: agora são os atacantes que temem os arqueiros, cada vez maiores, cada vez mais rápidos, no chão ou pelo alto, capazes de crescer diante do finalizador, que, em busca de superá-los, capricha tanto, ou se intimida tanto, que chuta para fora, nas traves ou em cima dos gigantes com suas luvas que parecem ter ímãs para atrair a pelota.
Goleiros brasileiros, antigamente tidos como inferiores aos de países cujas escolas eram mais respeitadas, brilham embaixo de nossas traves e fora das fronteiras nacionais.
Um grande time começa por um grande goleiro, é o que se diz, mas a melhor seleção de todos os tempos, a brasileira de 1970, a do tricampeonato no México, começava com Félix, nem aqui considerado do melhor nível.
Olhem as raras leitoras e os raros leitores para a Série A brasileira e constatem a quantidade de grandes goleiros, e goleiros grandes, como Weverton, com lugar quase cativo na seleção, Hugo Souza, que virou ídolo no Corinthians, Éverson, há anos fechando o gol do Atlético Mineiro, Cássio, o maior da história corintiana e hoje com altos e baixos no Cruzeiro, o vovô Fábio no Fluminense, John, de papel fundamental nos recentes títulos botafoguenses, Léo Jardim, que parou o Flamengo no sábado, para não falar dos estrangeiros como Rochet, no Inter, e Rossi, no Flamengo.
O Santos tem Brazão, cada vez melhor, o São Paulo achou em Rafael quem lhe trouxe mais conforto na impossível missão de esquecer Rogério Ceni, e por aí em diante, como João Ricardo, do Fortaleza, apontado como o oitavo melhor do mundo recentemente pelo Observatório de Futebol do Centro Internacional de Estudos de Esporte (CIES Football Observatory).
Na lista dos cem nomes temos outros brasileiros: Lucas Perri (13º), do Lyon, Weverton (18º), John (25º), Hugo Souza (28º), Alisson (33º), do Liverpool, Tiago Volpi (36º), do Grêmio, Bento (50º), do Al-Nassr, Cássio (62º) e Léo Jardim (90º). Dez brasucas em uma centena na relação que cabe, como sempre, discutir, mas que serve como termômetro.
Nem mesmo aquela velha frase para definir como era dura a vida do goleiro, porque não nascia grama onde ele pisava, mantém validade diante dos gramados sintéticos que, infelizmente, proliferam pelo país.
Pergunte a Filipe Luís e a Abel Ferreira qual é a maior preocupação deles como comandantes de Flamengo e Palmeiras, os dois melhores times do Brasil.
Ambos certamente responderão que é o pouco aproveitamento das chances criadas, a velha eficácia, a capacidade para atingir o objetivo proposto, seja como for, com os pés, o peito ou a cabeça, porque com as mãos não vale.
Quem viu o primeiro tempo de Corinthians x Sport entenderá do que se trata.
O massacre alvinegro terminou 1 a 0 para os pernambucanos.