/ Apr 21, 2025

Papa Francisco herdou da família a paixão pelo futebol – 21/04/2025 – Mundo

Uma anedota familiar conta que o primeiro comentário de Mario Bergoglio ao pegar seu filho no colo logo depois de seu nascimento foi: “Será que é muito cedo para levá-lo num jogo do San Lorenzo?”.

Não se tem registro de qual teria sido o primeiro jogo no qual o menino tenha marcado presença. Mas fato é que o jovem Jorge Bergoglio herdou de sua família a paixão pelo futebol e pelo clube argentino, mantida e alimentada durante décadas, mesmo após aquele garoto se tornar o 266º papa da Igreja Católica —mais conhecido como Papa Francisco.

O papa Francisco morreu nesta segunda-feira (21), aos 88 anos, após um quadro de pneumonia bilateral do qual não conseguiu se recuperar totalmente.

Filho de um casal de italianos —Mario, ex-ferroviário, e Regina, dona de casa— que morava no bairro de Flores, em Buenos Aires, Francisco tinha 10 anos quando presenciou pela primeira vez seu clube do coração ser campeão argentino, em 1946.

O jovem fez parte do mar de torcedores que invadiu o gramado para celebrar junto com os atletas o título nacional, o sexto do clube até então.

Anos mais tarde, já como arcebispo de Buenos Aires, Francisco costumava celebrar missas nas igrejas mais populares. Mas, em todo 1º abril, aniversário de fundação do San Lorenzo, fazia a cerimônia na capela do clube.

Dois anos antes de ir ao Vaticano, em 2011, ele abençoou a capela Padre Lorenzo Massa, que dá nome ao time argentino –o padre Massa foi um dos principais incentivadores de um grupo de jovens que fundou o clube em 1908.

Mesmo longe de sua terra natal, Francisco manteve forte ligação com a agremiação argentina. Para um clube com suas raízes atreladas a um padre, pareceu até um milagre a conquista inédita da Libertadores, em 2014 –encerrando uma sequência de quatro títulos brasileiros–, um ano depois de o argentino ser eleito papa.

“Eu assisti à conquista com muita alegria, mas não é um milagre”, brincou o pontífice.

Depois do título, o elenco do time viajou ao Vaticano para mostrar a taça da Libertadores ao papa. “Ser do San Lorenzo é parte da minha identidade cultural”, disse a santidade, dona da carteira de sócio do clube de número 88235N-0.

A conquista do torneio continental, contudo, foi o último grande momento da equipe argentina. Depois do troféu da Libertadores, o time agregou apenas a Supercopa Argentina de 2015 a sua galeria.

A conexão com Francisco até ajudou a conquistar novos torcedores e sócios, mas isso acabou não se refletindo em resultados esportivos. A maior parte dos troféus do clube foram conquistados antes de o Vaticano eleger o papa argentino.

O San Lorenzo é o quinto time que mais vezes foi campeão argentino, com 15 troféus nacionais, sendo o último alcançado em 2013 —o River Plate lidera essa lista, com 38, seguido pelo Boca Juniors, com 35. Racing, com 18, e Independiente, com 16, completam os cinco primeiros do ranking.

No cenário internacional, além da Libertadores, o clube do papa também conquistou a Sul-Americana em 2002 e foi vice-campeão mundial em 2014 e vice da Recopa Sul-Americana duas vezes, em 2003 e 2015.

“De Jorge Mario Bergoglio para Francisco, houve algo que nunca mudou: o seu amor pelo Cyclone [apelido do San Lorenzo]”, escreveu o clube em publicação em suas redes sociais na qual lamentou a partida do pontífice.

Francisco usou o esporte como exemplo

Os jogadores do San Lorenzo não foram os únicos atletas recebidos por Francisco durante seu papado. Messi, Maradona, Cristiano Ronaldo, Ronaldinho, Gaúcho, Buffon, Lewis Hamilton, além de atletas de diversas modalidades olímpicas também se encontraram com o pontífice.

Em suas celebrações, o papa, vez ou outra, usava aspectos do esporte para passar mensagens, como a capacidade de formar equipe, que para o pontífice era uma metáfora da vida social.

“As ações individuais são importantes, a fantasia, a criatividade… Mas se prevalece o individualismo, então toda a dinâmica se arruína e não se alcança o objetivo”, disse Francisco.

Ele também mencionou outros valores do esporte, como a honra, a amizade, a fraternidade, a lealdade e o autocontrole e pediu que os jogadores não se esqueçam da torcida, especialmente dos jovens, que se espelham neles.

“O papel do jogador de futebol vai além do âmbito esportivo e se torna modelo de vida bem-sucedida e de sucesso. Portanto, é importante para vocês cultivar as qualidades espirituais e humanas para poderem ser um bom exemplo”.

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