/ Apr 21, 2025

Inteligência artificial supera agrônomos no Matopiba – 21/04/2025 – Mercado

A inteligência artificial aplicada ao campo numa grande propriedade no Matopiba mostrou que, nos dois últimos anos, as máquinas apresentaram resultados melhores que os de engenheiros agrônomos.

Localizada em Santa Filomena (PI), a fazenda Serra do Ovo faz parte de um conglomerado composto por outros quatro clusters —a maioria na fronteira agrícola que compreende Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia—, que resultam numa área agrícola de 100 mil hectares, todos arrendados, negociados em março pela Sierentz Agro com a SLC Agrícola de “porteira fechada” por US$ 135 milhões (cerca de R$ 780 milhões), incluindo máquinas e equipamentos.

A presença da inteligência artificial no agronegócio tem crescido de forma vertiginosa nos últimos anos, contribuindo para reduzir perdas e maximizar ganhos nas lavouras. Dados do polo Sebrae Agro apontam que, entre 2023 e 2028, o mercado global de inteligência artificial no agronegócio passará de US$ 1,7 bilhão para US$ 4,7 bilhões.

Distante mil quilômetros do porto de Itaqui e com toda a produção destinada à exportação, a fazenda destina 4.000 hectares ao uso da inteligência artificial, dividida em 11 níveis, começando pelo preparo do solo e passando por análise da terra, pluviometria e controle de doenças e pragas, entre outras, até chegar à colheita, num sistema retroalimentado minuto a minuto pela própria máquina, a exemplo do que ocorre com aplicativos de trânsito.

“As operações têm uma terceira dimensão, que é a de inovação, em que eu vou fazer as coisas de maneira diferente. Já temos inteligência artificial rodando. Por dois anos consecutivos, o planejamento agrícola nas áreas onde a gente empregou inteligência artificial já foi superior aos agrônomos”, afirmou o empresário Christophe Akli, CEO que seguirá à frente da Sierentz até a SLC assumir, em 1º de julho.

Um exemplo citado por ele é que a IA consegue apontar, após ser alimentada com os dados, quantas sacas extras de soja serão produzidas em determinada área, dependendo do aumento ou da redução na aplicação de um produto específico.

A diferença apontada por ele foi de “alguns dólares” a mais por hectare na área destinada aos testes com a inteligência das máquinas, em comparação com as preparadas somente pelos técnicos. Apesar disso, afirmou que os profissionais ligados ao campo, como agrônomos, são imprescindíveis.

Além de 100 mil hectares ocupados por soja, na segunda safra 40 mil hectares são destinados ao milho e as propriedades ainda abrigam 12 mil cabeças de gado, combo que rendeu na última safra faturamento de US$ 160 milhões (cerca de R$ 920 milhões, ao câmbio desta sexta-feira) à Sierentz.

Argelino com nacionalidade francesa, Akli criou a Sierentz há cerca de oito anos, depois de passar por diversas empresas do agronegócio desde a década de 1980 e comandar o setor de commodities da LDC (Louis Dreyfus Company) e a Biosev.

“Quando a gente colhe, a gente sabe, metro por metro, o que aquele metro produziu. Se você cruza todas as informações da qualidade do solo, da chuva, da vida da planta e chega no final com uma certa colheita, esses 11 níveis são suficientes para você levar isso para dentro da inteligência artificial e ter certeza que os planejamentos vão ser bem feitos. A gente tenta sair do bando de dados para o banco de dados, que é uma realidade um pouco mais complicada”, afirmou.

COMPRE E GANHE

Para que tudo funcione numa área com as dimensões da fazenda no Piauí, e em outras de uma fronteira agrícola como é o Matopiba, e a velocidade na transmissão de dados chegue aos técnicos, foram adotadas duas soluções tecnológicas. A primeira foi encontrada na Agrishow (Feira Internacional de Tecnologia Agrícola em Ação), em Ribeirão Preto.

Para operar com rapidez e eficiência, a IA precisa de conexão das máquinas com a internet, o que é quase inexistente no trecho de 230 quilômetros percorridos pela Folha entre Balsas (MA) e a fazenda em Santa Filomena.

Por isso, a empresa buscou por conta própria uma forma de se conectar e achou na Agrishow de 2023, quando a Case IH, uma das principais fabricantes do país, ofereceu torres de telefonia numa parceria com a TIM a produtores rurais que comprassem um pacote de máquinas e equipamentos que ultrapassasse R$ 15 milhões.

Foi o que Akli fez. A antena instalada na fazenda foi a primeira de 37 da parceria da fabricante com a empresa de telefonia, com foco em grandes áreas —consequentemente, grandes produtores— de Mato Grosso e do Matopiba. Elas cobrirão uma área de cerca de 1 milhão de hectares.

As dimensões da fazenda no Piauí também exigiram a adoção de uma tecnologia da Solinftec que utiliza inteligência artificial para monitorar e cuidar de cada pedaço dos talhões das fazendas, “aprendendo” e se adaptando às condições encontradas.

Diretor comercial da Case no Brasil, Denny Perez afirmou que toda a linha da marca sai de fábrica com a tecnologia de conectividade e que o Matopiba é um dos focos por ter sido responsável por cerca de 10% da safra brasileira de grãos em 2023 e responder por 8% dos negócios envolvendo tratores e colheitadeiras.

Segundo a TIM, as parcerias com clientes do agronegócio, utilities, logística e indústria 4.0 somaram em contratos mais de R$ 613 milhões no último trimestre do ano, fechado pela operadora com cerca de 20 milhões de hectares conectados no campo.

A conexão, aberta, usa uma antena 4G, que opera a frequência de 700 MHz, que ficou disponível após o desligamento gradual do sinal da TV analógica no país.

“Como ela é aberta, conecta tudo, máquinas, pessoas, coisas, uma rede acessível, que não tem surpresas”, disse Leonardo Belotti, diretor Comercial IoT & 5G da Tim Brasil. A empresa e a Case integram a ConectarAgro, associação que surgiu em 2019 com o objetivo de ampliar a conectividade na zona rural do país.

O custo médio para a implantação da conectividade, segundo empresários e agentes envolvidos com o negócio, é de cerca de US$ 6 por hectare.

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