O café deverá atingir R$ 126 bilhões no Valor Bruto de Produção deste ano. Com isso, o produto desbanca a cana-de-açúcar, ocupa o terceiro posto de maior valor de produção do país e fica atrás apenas da soja e do milho, quando comparados os dados do setor de agricultura.
Essa subida de ranking do café faz com que Minas Gerais, devido à importância do produto no estado, supere São Paulo, Paraná, Goiás e Rio Grande do Sul, e assuma a segunda posição na produção agrícola brasileira, atrás de Mato Grosso.
Os dados são do Ministério da Agricultura, e o VBP (Valor Bruto de Produção) mostra as receitas oriundas do volume produzido, multiplicado pelo valor de venda dos produtos dentro da porteira. A produção de café não tem aumentado, devido a problemas climáticos, mas os preços atingiram patamares recordes.
Se atingir os R$ 126 bilhões projetados pelo Ministério da Agricultura, o valor de produção do café crescerá pelo segundo ano consecutivo, acumulando alta de 138% em relação a 2023, quando havia somado R$ 53 bilhões.
A forte aceleração nos preços do café elevou o VBP total das lavouras para R$ 951 bilhões neste ano, 11% a mais do que em 2024. Quando incluídos os R$ 480 bilhões da pecuária, o VBP nacional deverá chegar a R$ 1,43 trilhão, também com alta de 11%.
Esse valor financeiro recorde vindo do campo deverá movimentar mais a economia brasileira neste ano. Em alguns casos, como os do café e do cacau, as receitas vêm do aumento de preços. Em outros, como os da soja e do milho, elas vêm do volume recorde de produção.
O Brasil é o principal produtor mundial de café arábica, mas o crescimento percentual maior das receitas virá do robusta, produto que teve sérias restrições de oferta nos anos recentes, devido à queda de produção no Vietnã, líder mundial.
Segundo o Ministério da Agricultura, o café arábica renderá R$ 90 bilhões dentro da porteira neste ano, 57% a mais do que em 2024. As receitas do canéfora (conilon/robusta) aumentam 64%, indo para R$ 36 bilhões.
O café vem irrigando a economia rural de Minas Gerais nos anos recentes. Neste ano, o valor de produção do produto no estado será de R$ 63 bilhões no campo, bem acima dos R$ 29 bilhões de 2023.
A saca de café arábica está em R$ 2.521, e a do robusta, em R$ 1.712, segundo o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada). Em relação aos valores de abril de 2023, o café arábica tem alta de 127%, e o robusta, de 157%.
RABOBANK PREVÊ QUEDA DE 6% NA PRODUÇÃO
A produção brasileira de café deverá recuar para 62,8 milhões de sacas na safra 2025/26, segundo o Rabobank, banco especializado em agronegócios. Se confirmado, esse volume ficará 6,4% inferior ao da safra anterior.
Na avaliação de Guilherme Morya, analista do banco, o café arábica, será o responsável pela queda, com retração de 13,6%. Já o robusta, com alta de 7,3%, terá uma safra de 24,7 milhões de sacas.
O clima seco de 2024 afetou a florada do café arábica. Quanto ao robusta, mesmo com uma perspectiva não muito favorável em Rondônia, a produção deverá ser recorde no país, segundo o analista.
A Abics (Associação Brasileira da Indústria de Café Solúvel) informou, nesta terça-feira (22), que o consumo interno de café solúvel subiu 6% no primeiro trimestre do ano, em relação ao de 2024. As exportações aumentaram 8% em volume, e 57% em receitas no mesmo período.