A Tesla registrou queda de 39% no lucro no primeiro trimestre deste ano, à medida que as vendas de seus veículos elétricos despencaram devido a uma linha de produtos fraca, além de uma reação negativa mundial dos consumidores ao envolvimento crescente de Elon Musk na política dos EUA.
Musk tem enfrentado pressão dos investidores para explicar sua ausência da Tesla, bem como o dano percebido à marca devido ao seu relacionamento próximo com o presidente dos EUA, Donald Trump, e seu papel controverso como chefe do chamado Doge (Departamento de Eficiência Governamental).
Suas intervenções políticas também prejudicaram as vendas em grandes mercados europeus neste ano. A Tesla está contando com uma recuperação na demanda por veículos após a recente atualização de seu carro principal, o Model Y. Os investidores também aguardam detalhes sobre um novo veículo acessível que a empresa prometeu.
O lucro líquido ajustado do primeiro trimestre caiu 39% em relação ao ano anterior, para US$ 934 milhões (R$ 5,3 bilhões), ficando abaixo das expectativas dos analistas, que era de US$ 1,5 bilhão (R$ 8,5 bilhões).
A receita caiu 9%, para US$ 19,3 bilhões (R$ 110,3 bilhões), abaixo da estimativa média dos analistas de US$ 21,4 bilhões (R$ 122,4 bilhões), segundo a S&P Capital IQ.
No início deste mês, a Tesla relatou que suas entregas caíram 13% nos primeiros três meses deste ano, em comparação com o ano anterior, marcando seu pior trimestre desde 2022. A empresa também perdeu sua coroa de maior fabricante mundial de veículos elétricos para a rival chinesa BYD. O preço das ações da Tesla caiu pela metade desde seu pico em meados de dezembro.
O grupo também enfrenta riscos crescentes da guerra comercial de Trump, que alertou que poderia torná-la alvo de tarifas retaliatórias e aumentar o custo de fabricação de veículos na América.
A Tesla monta todos os seus veículos vendidos nos EUA localmente, mas ainda está exposta às amplas tarifas e interrupções na cadeia global de suprimentos automotivos, já que obtém componentes de outros mercados.
“Embora o atual cenário tarifário tenha um impacto relativamente maior em nosso negócio de energia em comparação com o automotivo, estamos tomando medidas para estabilizar o negócio a médio e longo prazo e focar na manutenção de sua saúde”, disse a Tesla no relatório de lucros.
Musk também entrou em conflito com Peter Navarro, o arquiteto das políticas comerciais de Trump, e a Casa Branca disse que seu papel no governo, que originalmente deveria continuar até 2026, poderia terminar bem antes disso, uma vez que seu trabalho com o Doge esteja concluído.
A margem operacional do primeiro trimestre da Tesla também caiu de 5,5% para 2,1% no ano anterior.