/ Apr 24, 2025

Saúde de Tite: constatações, indagações e considerações – 24/04/2025 – O Mundo É uma Bola

Adenor Leonardo Bachi, o Tite, recusou o Corinthians dois dias atrás. Teve, subitamente, uma crise de ansiedade que fez com que ele, com apoio da família, decidisse ser necessário priorizar a saúde, do corpo e da mente. O “não” ao alvinegro paulistano tornou-se imperativo.

O treinador anunciou, via rede social, que fará uma pausa profissional, por período indeterminado. “Sou um apaixonado pelo que faço e assim seguirei sendo, mas conversando com minha família e observando os sinais que meu corpo estava emitindo, decidi que o melhor a fazer agora é interromper minha carreira para cuidar de mim pelo tempo que for preciso.”

É evidente que a saúde deve estar sempre em primeiro lugar. Sem saúde, não se consegue trabalhar direito, viver direito.

Gosto de Tite. Não o conheço pessoalmente, mas criei a imagem de um ser humano com bons valores, atento ao que acontece na sociedade, e o vejo como um técnico competente, dedicado, emotivo.

Perguntei-me: o que está se passando exatamente com Tite, 63, treinador experiente e vitorioso, com títulos de Campeonato Brasileiro (duas vezes), de Copa do Brasil, de Libertadores, de Mundial de Clubes, além de uma Copa América com o Brasil?

Frise-se que ficou marcado, entretanto, na seleção brasileira por duas dolorosas eliminações em quartas de final de Copa do Mundo, na Rússia e no Qatar. O Brasil foi superior na derrota por 2 a 1 para a Bélgica, em 2018, e diante da Croácia, quando teve o jogo nas mãos na prorrogação, levou um gol de contra-ataque e sucumbiu nos pênaltis, em 2022.

Tite precisará de tratamento específico, com acompanhamento médico? Serão necessários cuidados psiquiátricos para que possa se recuperar e se sentir apto a retomar suas atividades no futebol? Terá de tomar remédios tarja preta? Haverá necessidade de internação? Ou é menos sério, e apenas repouso prolongado resolverá?

Há alarmismo nessas perguntas, que por ora estão sem respostas? Talvez. Mas, sem esclarecimentos, são hipóteses plausíveis.

Tite é muito reservado, quase inacessível para entrevistas –no cenário atual, nem seria recomendável. Tentei falar com seu filho, Matheus, que é também seu auxiliar técnico, pessoa indicada para detalhar a situação, porém não tive retorno.

O que se sabe é que Tite é uma pessoa que demora a assimilar as derrotas mais duras. Fica remoendo-as. Estou certo de que sofre até hoje com as quedas nos Mundiais com a seleção. Ainda mais sabendo que tinha time, nas duas vezes, para ser campeão.

Tanto que demorou dez meses, depois da Copa no Qatar, para voltar ao futebol. Sem cabeça, recusou, no começo de 2023, convite para comandar a seleção da Coreia do Sul, contrariando o desejo de trabalhar no exterior. Na metade daquele ano, esteve perto de ir para o Al Hilal, da Arábia Saudita, que acabou fechando com o português Jorge Jesus.

Tite aceitou então o Flamengo, time de maior torcida no Brasil. Pressão maior, impossível. Mesmo tendo ganhado, invicto, o Estadual do Rio em 2024, nunca o senti confortável na Gávea, e pessoa próxima ao treinador me disse que ele parecia deslocado no rubro-negro carioca, sem combinação ou identificação com o clube.

Acabou demitido no fim de setembro, depois da eliminação na Libertadores, nas quartas de final, para o uruguaio Peñarol, em jogos parelhos (0 a 1 e 0 a 0), com o Flamengo vivo na Copa do Brasil e em quarto lugar no Brasileiro.

O quanto essa demissão afetou Tite mentalmente? Não se sabe, ele nunca comentou a respeito. O quanto o fato de ser o Corinthians, time que tem a segunda maior torcida do Brasil, a “bola da vez” para o treinador influenciou nessa crise de ansiedade que determinou a desistência? Não se sabe.

O técnico foi corajoso ao expor uma situação que, nota-se, é crescente no esporte, a da saúde mental, ou a falta dela. O caso mais célebre é o da norte-americana Simone Biles, nas Olimpíadas de Tóquio, em 2021 –a superginasta, com a mente desordenada, desistiu de várias provas.

A cabeça de Tite está em desordem, o que afeta seu corpo. Faz bem em ter cuidados com isso, em se tratar. E fará bem, depois, caso se abra e reporte a sua experiência, para que as pessoas possam aprender com ela e, se possível, prevenirem-se.

Afinal, lembrando o poeta italiano Juvenal, “mente sã, corpo são”.

Boa recuperação ao Adenor Leonardo Bachi.


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