O embaixador da China, Zhu Qingqiao, afirmou que o Brasil não será afetado pelo excedente de mercadorias não exportada aos Estados Unidos em decorrência das altas tarifas impostas pelo governo de Donald Trump aos produtos chineses.
Qingqiao fez um aceno positivo em relação ao temor da indústria brasileira de que as mercadorias deixadas de lado pelos americanos encontrem vazão no mercado nacional. Segundo o embaixador, os produtos exportados aos EUA “não necessariamente” teriam escoamento no Brasil. Disse ainda que fabricantes chineses não irão impactar o mercado brasileiro para evitar possíveis perdas.
“Essas preocupações não são necessárias pois não correspondem à realidade. Primeiro, existem diferenças estruturais entre o mercado de consumidores do Brasil e dos Estados Unidos”, declarou.
“Segundo, a demanda do mercado brasileiro encontra-se em equilíbrio, e não responderia da forma drástica e de curto prazo a fatores externos como o tarifaço.”
A fala ocorreu em encontro com jornalistas e acadêmicos na tarde desta quarta-feira (23) em meio a guerra de tarifas que ocorre entre os EUA e a China. Atualmente, a maioria dos produtos chineses tem tarifa de 145% seguindo as determinações de Trump, mas alguns setores, como de carros elétricos, podem chegar em até 245% em decorrência outras taxas cobradas pelos EUA.
Há a expectativa, porém, de que o presidente americano diminua as taxas para algo entre 50% e 60%, segundo o The Wall Street Journal.
A redução seguiria prévio aceno de Trump de diminuir os percentuais. O mandatário afirmou que seria simpático nas negociações com Pequim e que as tarifas cairiam significativamente após acordo, embora não para zero.
Segundo o embaixador, Trump opta pelo uso das tarifas como “instrumento de coerção” em relação aos países afetados, especialmente a China.
“Para compensar seus déficits comercial e fiscal, a Casa Branca não optou por reformas estruturais internas, mas empunha o porrete das tarifas para chantagear e explorar outros países de forma escancarada”, diz.
O embaixador declara que a China tem condições de manter a sua economia ao adotar medidas que podem impulsionar o mercado interno, além de manter e expandir parcerias comerciais já existentes, como a do país asiático com o Brasil.
Qingqiao afirma que as ações tomadas pelo governo Trump, as quais classifica como “prepotentes e intimidadoras”, fará com que o país seja “repudiado pela comunidade internacional e abandonado pelo processo histórico”.