A CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil) entregou ao governo, nesta quinta-feira (24), documento com as principais propostas do setor agropecuário para o Plano Safra Agrícola de 2025/26.
Na avaliação da entidade, diante do quadro atual de incertezas internas e externas, serão necessários R$ 594 bilhões para um bom desempenho do setor. Essa proposta supera em 24,6% os 476,6 bilhões colocados pelo governo no plano do ano passado.
A proposta da entidade sugere que custeio e comercialização empresarial tenham à disposição um volume financeiro de R$ 390 bilhões, acima dos R$ 293 bilhões de 2024/25. Para os investimentos, a necessidade seria de R$ 101 bilhões, e para a agricultura familiar, de R$ 103 bilhões.
Na avaliação da entidade, a atividade agropecuária será desafiadora no período do novo Plano Safra. Aperto monetário, juros elevados, eventos climáticos, volatilidade cambial e aumento dos preços dos insumos de produção estão entre os principais problemas que o setor deverá enfrentar.
Do lado externo, há uma instabilidade internacional, que já dura vários anos, devido a problemas geopolíticos mundiais. Além disso, Donald Trump acrescenta mais incertezas ao setor com a sua guerra comercial contra o mundo.
Um dos pontos de destaque do documento são os entraves estruturais de acesso ao crédito. Além disso, há a necessidade de uma ampliação e fortalecimento dos instrumentos de mitigação de riscos, como o PSR (Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural), que necessita de um teto de R$ 4 bilhões. A entidade alerta, ainda, sobre a importância do Proagro e de um fundo de catástrofe.
Segundo a CNA, as sugestões buscam melhorar as condições de financiamento, ampliar os instrumentos de gestão de risco, incentivar a sustentabilidade ambiental, desburocratizar procedimentos operacionais e garantir eficiência orçamentária.
As propostas avançam também sobre o patamar de Renda Bruta Agropecuária, com proposta de elevação do Pronaf, voltado à agricultura familiar, de R$ 500 mil para R$ 700 mil. O Pronamp, que foca o médio produtor, iria de R$ 500 mil a R$ 3 milhões para R$ 700 mil a R$ 3,8 milhões. Os demais programas subiriam para R$ 4,75 milhões.
O documento da CNA propõe ainda ao governo uma redução de taxas ou aumento do limite financiável para o produtor que promover práticas socioambientais. Propõe também a eliminação das operações casadas, o que reduziria os custos do setor.
A necessidade de recursos do setor agropecuário é de R$ 1,2 trilhão por ano, e o Plano Safra, que vem tendo um volume reduzido ao longo dos anos, contempla perto de 33% desse valor, segundo a entidade.
Nos programas de financiamentos, a sugestão é para que o limite do Moderfrota suba de 85% para 100% do bem financiado. No Proirriga, voltado para a irrigação, a proposta é a de fomentar programas de infraestrutura e de captação de água.
Para o Pronamp, a CNA sugere uma ampliação do limite de financiamento de custeio para R$ 2 milhões. No caso do PCA (Programa de Construção de Armazenagem), há a necessidade de melhorar o fluxo do dinheiro, uma vez que ele chega com taxas superiores às anunciadas, afirma a entidade.
PIB menor A indústria de biodiesel cresceu 20,5% no ano passado, segundo dados do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada) e da Abiove (Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais).
PIB menor 2 A indústria de biodiesel sozinha, no entanto, não conseguiu segurar o PIB da cadeia de soja e do biodiesel em 2024. O setor teve queda de 5,03% no PIB, devido à quebra na produção de soja, que refletiu sobre todo o agronegócio. Essa retração ocorre depois de o PIB da cadeia toda do setor ter subido 23% em 2023.