Na mira de governos e empresas, o Brasil atrairá bilhões de dólares por ano em venda de crédito de carbono no futuro próximo, e é o país com maior potencial de ser o grande fornecedor global de soluções para remoção de CO2 da atmosfera.
A avaliação é de Fabio Sakamoto, CEO da Biomas, que tem como acionistas Itaú, Marfrig, Rabobank, Santander, Suzano e Vale. A empresa lançou nesta sexta-feira (25) o seu primeiro projeto para restauração de 1,2 mil hectares de Mata Atlântica, com investimento inicial de R$ 55 milhões para plantio de 2 milhões de mudas no sul da Bahia.
Serão plantadas na área, que abrange 8 municípios, mais de 70 espécies, o que adicionar mais valor ao projeto, segundo a Biomas. Por esses ganhos de biodiversidade e pela geração de impacto social, a iniciativa irá gerar um crédito de carbono “premium”, de maior valor de mercado.
“Só 1% dos projetos de restauração trabalham com mais de dez espécies, e trabalharemos com mais de 70 espécies. Isso é bastante valorizado”, afirma Cristiano Oliveira, diretor de desenvolvimento de negócios e sustentabilidade da Biomas.
O projeto será financiado pelos cerca de 500 mil créditos de carbono que se estima que serão gerados ao longo de 40 anos. Cada crédito representa o equivalente a uma tonelada de CO2 retirada da atmosfera.
Dados da McKinsey estimam que o setor pode movimentar entre US$ 16 bilhões a US$ 26 bilhões por ano no Brasil. “É uma oportunidade de trazer bilhões de dólares ao Brasil, e são investimentos que ficam aqui, empregando pessoas, beneficiando comunidades”, afirma Sakamoto.
Na avaliação de Sakamoto, o Brasil é o lugar com maior vocação para remoção de carbono da atmosfera pelo fato de possuir uma grande área que pode ser restaurada sem prejuízo de outras atividades produtivas.
“O Brasil é visto como o país com maior potencial para soluções baseadas na natureza, porque infelizmente temos muitas áreas degradadas e muito conhecimento técnico. Há uma enorme oportunidade aqui”, diz.
De acordo com a empresa, a área de pastagens degradadas no país ultrapassa a marca de 100 milhões de hectares, segundo relatório de 2024 elaborado pelo Boston Consultin Group (BCG), WWF e The Nature Conservancy (TNC) —a área é equivalente aos territórios da França e Espanha somados.
O projeto será implementado em áreas da Veracel Celulose, indústria de base florestal que atua há mais de 30 anos no sul da Bahia e que é uma das regiões de maior biodiversidade do mundo.
Segundo Sakamoto, a fase do plantio levará um ano e meio, e a do manejo entre três e cinco anos. “São 40 anos de projeto, e a floresta se manterá na região por cem anos ou mais”, afirma ele.
Outros projetos estão sendo analisados, e a meta da Biomas é restaurar 2 milhões de hectares de áreas degradadas nos próximos 20 anos.