A cúpula do Ministério de Portos e Aeroportos concluiu nesta sexta-feira (25) uma rodada de encontros com empreiteiras da Europa que possuem experiência em obras submersas de infraestrutura. O objetivo era conhecer projetos internacionais e apresentar o plano para a construção do túnel Santos-Guarujá.
Dada a exigência técnica da obra, tudo indica que o projeto deve ter a atuação de companhias estrangeiras especializadas nesse tipo de empreendimento. A comitiva brasileira incluiu a participação do ministro da pasta, Silvio Costa Filho, do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e do diretor-presidente da Autoridade Portuária de Santos (APS), Anderson Pomini.
Na Holanda, houve encontro com executivos da Tec Tunnel (Tunnel Engineering Consultants), empreiteira que atua em projetos de infraestrutura subterrânea, ao lado da Immotec, da Alemanha, especializada em soluções de aquecimento e instalações técnicas.
A companhia holandesa participa da construção do maior túnel submerso do mundo, o chamado Fehmarnbelt, passagem com 18 km de extensão, que vai conectar a Dinamarca à Alemanha. A Tec Tunnel participou do projeto e engenharia desta obra.
Além da passagem pela Holanda, a comitiva esteve na Dinamarca, para conhecer o projeto localmente. O projeto, voltado para o tráfego rodoviário e ferroviário, é estimado em €7,4 bilhões (R$ 48 bilhões). Foi iniciado em 2021 e deve ser concluído em 2029.
Em Portugal, houve encontro com representantes da Mota-Engil, que atua em parceria com a chinesa China Communications Construction Company (CCCC), uma das maiores empreiteiras do mundo. A CCCC atuou na construção do túnel subaquático de Taihu, na China, com 10,79 km de extensão. É o maior túnel submerso da China, usado para atravessar o Lago Taihu. A empreiteira também está por trás de outros projetos do tipo espalhados pela Ásia.
“Foram encontros importantes e estratégicos para conhecer projetos e apresentar nosso empreendimento, que será a maior obra pública do país”, disse à Folha o ministro.
Em março, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, e os secretários Rafael Benini (Parcerias em Investimentos) e Natália Resende (Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística) aproveitaram a entrega de um prêmio em Londres, na Inglaterra, e visitaram investidores de infraestrutura instalados no país, para tentar atraí-los para o leilão.
No fim de fevereiro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, lançaram o edital para construção do túnel Santos-Guarujá. O leilão tem previsão de ocorrer em 1º de agosto, na B3, em São Paulo.
O início das obras está previsto para 2026, com prazo de cinco anos para ser concluído. Incluído entre as obras do Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), o projeto será executado por meio de uma parceria público-privada (PPP), com R$ 5,96 bilhões em investimento público.
O túnel terá cerca de 1,5 km de extensão, sendo 870 metros submersos. A travessia deverá ser percorrida, de carro, em dois minutos. Serão seis pistas, três em cada sentido, com a possibilidade de uma delas ser utilizada para transporte em VLT (Veículo Leve sobre Trilhos). O valor de pedágio será, no início, de R$ 6,10 e gratuita para pedestres e ciclistas.
Será o primeiro túnel imerso do Brasil em que a estrutura é construída com peças pré-moldadas em um dique seco, que depois serão colocadas no canal. A profundidade será de 21 metros.
O primeiro projeto de túnel entre as duas cidades foi divulgado em 1927. Desde então, diferentes ideias foram apresentadas, algumas vezes em formato de ponte. Nenhuma saiu do papel. Nas quase duas horas de espera pelo início da cerimônia, realizada em Santos, foi exibido por várias vezes um vídeo do governo federal que mostrava a dificuldade atual dos moradores da região em fazer a travessia.