/ Apr 28, 2025

Salão de Xangai: Sedã de luxo, carro que muda de cor – 28/04/2025 – Mercado

“Da China, para a China.” O lema escolhido pela Volkswagen para descrever sua estratégia no maior mercado automotivo do mundo também poderia resumir o espírito de toda a edição 2025 do Salão do Automóvel de Xangai.

Menos preocupadas em apresentar suas apostas globais para os próximos anos, as montadoras presentes no evento focaram diretamente o consumidor chinês, com estratégias e produtos desenhados para o mercado local.

A edição 2025 do Salão de Xangai começou no último dia 25 de abril e vai até 2 de maio. Com 360 mil metros quadrados de área, o equivalente a cerca de 50 campos de futebol, o evento é considerado o maior salão automotivo do mundo, reunindo mais de mil expositores entre montadoras, fornecedores e startups.

Quem circula pelos imensos pavilhões nota rapidamente: as marcas chinesas são as protagonistas. Se anos atrás Volks, Mercedes e Toyota dominariam o evento, hoje as montadoras ocidentais estão presentes de forma mais tímida.

E as companhias locais não estão apenas ocupando espaço. A experiência de entrar em um carro chinês hoje é reparar na qualidade do acabamento interno, na suavidade com que as portas abrem e fecham e, principalmente, na sofisticação tecnológica.

A disputa de atenção no evento foi dominada pelos chamados NEVs (New Energy Vehicles), que incluem elétricos e híbridos. A contar pelos corredores lotados, a variedade de marcas nesse mercado é grande, incluindo desde companhias tradicionais a empresas que, há não muito tempo, fabricavam apenas smartphones.

O visual dos carros, porém, acaba se repetindo. Muitos modelos chineses, vistos de fora, lembram o Tesla Model Y, com perfil esportivo e design de faróis parecido.

A montadora de Elon Musk, aliás, não participa dos salões de automóvel na China desde 2021, quando foi alvo de um protesto. Sem marcar espaço no evento, a montadora americana também vem perdendo representatividade no mercado local. Após abocanhar 15% das vendas de elétricos na China em 2020, a Tesla viu sua participação no mercado recuar para 9% recentemente.

Na direção contrária, marcas chinesas vêm crescendo. Algumas já são conhecidas do público brasileiro, como BYD e GWM, donas dos maiores estandes do Salão de Xangai.

A BYD, por exemplo, apresentou cinco novos veículos da série Ocean, além do SUV de luxo U8L, de sua marca Yangwang.

O estande da Xiaomi também foi um dos mais movimentados do evento. A empresa de smartphones vem surpreendendo o setor com seus elétricos, e a estrela do ano foi a versão Ultra do esportivo SU7. O modelo, com mais de 1.500 cv de potência, foi lançado em outubro de 2024 e custa a partir de 530 mil yuans (R$ 413 mil).

O Grupo Chery também levou ao Salão o V23, de sua marca iCAR, feito em parceria com a Xiaomi. Com novas opções de cores, o jipinho elétrico ganhou até uma inusitada versão de pelúcia rosa para atrair o público. Na China, o modelo é vendido por cerca de 140 mil yuans (R$ 109 mil).

Entre as montadoras ocidentais, a BMW apostou em tecnologias para tentar se diferenciar no mercado chinês. Em apresentação a jornalistas, a empresa anunciou que começará a integrar a inteligência artificial da chinesa DeepSeek em seus novos modelos vendidos no país a partir de 2025.

A BMW também chamou atenção com o conceito i5 Flow Nostokana, um modelo equipado com tecnologia E Ink, semelhante à usada em leitores de e-book, capaz de mudar a cor da carroceria. Segundo a empresa, além do apelo visual, a solução pode ajudar na absorção de calor e luz, impactando no conforto e na eficiência energética dos veículos.

Outra alemã, a Volkswagen, apresentou três novos conceitos de elétricos desenvolvidos especialmente para o mercado chinês. Os modelos — batizados de Aura (sedã), Era (SUV) e Evo (crossover) — fazem parte da linha ID e reforçam a estratégia da montadora de tentar recuperar o espaço perdido na China.

Apesar dos esforços das marcas tradicionais, foram os veículos locais que dominaram a atenção do público. Protótipos futuristas, como carros voadores de diferentes tamanhos e formatos, chegaram a atrair visitantes, mas sem o mesmo impacto dos lançamentos “reais” focados em volume de vendas.

Entre os modelos mais extravagantes do evento, o sedã de luxo Hongqi Guo Li (antigo L5) se destacou. Inspirado na histórica limusine Hongqi CA770 —usada por líderes chineses e convidados estrangeiros desde a década de 1950—, o Guo Li é considerado o carro mais caro e luxuoso já fabricado na China, avaliado em cerca de 7 milhões de yuans (R$ 5,6 milhões).

A Hongqi (que significa “bandeira vermelha”) pertence ao grupo estatal FAW, a primeira montadora chinesa, fundada em 1956, ainda sob o governo Mao Zedong. O Guo Li impressiona pelo acabamento refinado — com detalhes de jade, ouro e pinturas feitas à mão —e pela imponência: são 5,98 metros de comprimento e motor 4.0 V8.

Mas no Salão de Xangai, a opulência de modelos como o Guo Li era a exceção. A regra eram carros populares, elétricos esportivos, SUVs, jipes e picapes de marcas chinesas que corriam para disputar um mercado que emplaca 23 milhões de veículos por ano.

O repórter viajou a convite da GMW e da Stellantis

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