Um protótipo inédito de uma picape movida 100% a biometano está exposto pela primeira vez ao público na Agrishow (Feira Internacional de Tecnologia Agrícola em Ação), em Ribeirão Preto, no interior paulista.

Desenvolvido desde o início do ano passado pela Toyota, o protótipo ainda está na fase intermediária do projeto e não tem prazo para chegar ao mercado, mas a montadora aposta que o fato de o veículo prometer a redução de até 90% a emissão de carbono atrairá consumidores que querem ou precisam de descarbonização.

O biometano é um combustível renovável derivado do biogás, que pode ser produzido a partir de matérias orgânicas. Pode ser gerado em biodigestores em áreas rurais ou mesmo em grandes usinas de cana-de-açúcar, daí o foco nos produtores rurais que visitam a Agrishow.

A feira será realizada até sexta-feira (2) numa fazenda do governo paulista em Ribeirão Preto (a 313 km de São Paulo), com projeção de gerar R$ 15 bilhões em intenções de negócios e receber 195 mil visitantes.

O conceito já tinha sido apresentado no ano passado em Foz do Iguaçu (PR), mas apenas para autoridades e especialistas no G20 Energy Transition Week.

A diferença é que, naquele momento, o veículo estava estático, ou seja, não dava partida. Agora, está disponível para testes de visitantes na pista da montadora construída na feira agrícola em Ribeirão.

Gerente de engenharia da Toyota do Brasil, Eduardo Bennacchio afirmou que há diversos caminhos tecnológicos para a descarbonização e o motor flex combinado com eletrificação deve ser a tônica para a transição energética no país.

“A gente tem tecnologias eletrificadas, hidrogênio e na pegada de achar alternativas para o veículo comercial de passeio, o comercial leve, veio essa motivação do biometano. E também percebendo a demanda dos nossos principais clientes. Não o usuário final, mas o agricultor que quer reduzir a pegada de carbono da operação dele, então foi dentro desse contexto que a gente idealizou esse projeto”, afirmou.

Segundo ele, o projeto está na fase de prova de conceito, para entender a expectativa do cliente e fazer eventuais ajustes ou redirecionamentos necessários.

“É buscar a mesma durabilidade, o mesmo nível de torque, de força e de autonomia do carro diesel. É isso que a gente está buscando. A gente teve um bom salto do zero, de quando o carro estava só montado sem ligar o motor, para agora. A gente deu um bom salto, mas agora a gente tem bastante trabalho que começa a fazer o refinamento todo do produto.”

Já o diretor de relações governamentais da Toyota do Brasil, Rafael Ceconello, afirmou que apresentar o veículo num local como a Agrishow permite conversar com quem vai enxergar na picape um produto autoaplicável. “Um produto que para ele vai entregar o quê? O conforto no sentido da atividade, que é ele poder botar esse carro para rodar na fazenda, na produção, entregar aquilo que ele precisa para os funcionários e tudo com um custo mais baixo no sentido operacional.

O executivo afirmou que o processo de desenvolvimento segue o que já ocorreu com o híbrido, que foi estudado entre 2015 e 2019 e que faz a montadora receber mais pedidos que a capacidade de entrega.

“Depois veio o Corolla Cross em 2021, você tem sempre uma curva de demanda puxando para cima. É o trajeto que a gente quer fazer aqui. Você não consegue saber ainda onde você vai chegar em volume, mas você sabe que vai começar uma reação, só que os testes vão ter que se provar no sentido de eficiência, no sentido de um monte de coisa para você deixar ela pronta para comercializar”, afirmou Ceconello.

Além da Toyota, outras montadoras estão na Agrishow, como a Ford, que levou para a feira dois modelos Tremor: F-150 e Maverick, também exibidos pela primeira vez aos consumidores.

Os dois modelos devem chegar ao mercado neste ano. A F-150 é fabricada nos Estados Unidos, enquanto a Maverick é produzida no México pela Ford.