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Fraude INSS: aposentado é vítima há anos; veja cronologia – 29/04/2025 – Mercado

Os descontos não autorizados em aposentadorias e pensões do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) que está sendo investigado pela PF (Polícia Federal) e pela CGU (Controladoria-Geral da União) começaram a crescer de forma desproporcional em 2019, segundo a PF.

Naquele mesmo ano, o INSS precisou devolver aos aposentados R$ 57 milhões em débitos não autorizados, que envolviam associações diferentes das que estão sendo investigadas agora, após a identificação de uma disparada nos descontos de mensalidades.

Na investigação, a CGU afirma que houve aumento “vertiginoso” no volume de descontos entre 2019 e 2020, bem como na arrecadação de associações investigadas.

A controladoria também aponta que o INSS ignorou alertas feitos pelos órgãos de controle em 2024. Segundo a CGU, foram enviados seis ofícios entre 8 de maio de 2024 e 12 de julho daquele ano, pedindo providências, que teriam ficado sem resposta.

Procurado, o INSS nega que alertas tenham sido ignorados. O órgão diz que respondeu a uma recomendação da CGU pedindo explicações sobre o ofício enviado, mas não obteve resposta.

Os descontos estão previstos na legislação desde 1991, mas dispararam após mudanças legais em 2022.

Durante a operação Sem Desconto, a CGU diz ter entrevistado 35 beneficiários no Maranhão em 2024 e todos eles afirmaram que não conheciam a associação que estaria aplicando os descontos, não tinham autorizado os abatimentos e que não foram procurados para falar sobre a adesão.

Veja abaixo a cronologia da crise:

Junho e agosto de 2019

Em agosto de 2019, o órgão encerrou o convênio com quatro associações que aplicavam descontos irregulares, após investigação. Na época, foram bloqueados descontos em 800 mil aposentadorias e pensões e devolvidos R$ 57 milhões em débitos não autorizados. As associações não são as mesmas investigadas agora.

2019

A MP (Medida Provisória) 871 de 2019 incluiu uma regra para que o aposentado precisasse confirmar a autorização do desconto anualmente. O Congresso alterou a redação para que a revalidação passasse a ser feita a cada três anos a partir de 31 de dezembro de 2021. Como isso aconteceu em 2019, jogou a primeira reavaliação para 2025.

2021

Em 2021, o Congresso aumentou esse prazo em um ano e jogou a primeira revalidação para 2026.

2022

O Congresso retirou essa exigência que previa a necessidade de as associações confirmarem, após um período, se os aposentados gostariam de continuar com os descontos. No mesmo ano, o INSS publicou duas normativas regulamentando os descontos em benefícios, mas sem normas que pudessem dificultar fraudes.

Junho de 2023

A então integrante do CNPS (Conselho Nacional de Previdência Social) Tonia Galleti, representante do Sindnapi, uma das associações investigadas, pediu para o tema ser discutido na reunião de junho de 2023, mas não foi atendida porque, segundo o ministro da Previdência, Carlos Lupi, a pauta já estava elaborada e seria necessário um levantamento. Lupi pediu que o tema fosse pautado como primeiro item da reunião seguinte, o que não aconteceu.

Março de 2024

O INSS publicou a instrução normativa 162, com regras para os convênios entre o órgão e associações e sindicatos. Uma regra é que o desconto de mensalidade tem de ser formalizado por termo de adesão, com assinatura eletrônica avançada e biometria (para novos contratos), além da apresentação do documento de identificação oficial do segurado com foto e número do CPF.

Abril de 2024

INSS apresentou medida cautelar determinando que, a partir de maio daquele ano, fossem bloqueados novos descontos de mensalidades até que a Dataprev (empresa de tecnologia que presta serviços ao governo) encontrasse um recurso para viabilizar a assinatura eletrônica avançada e a biometria facial nas adesões.

Maio de 2024

Segundo a CGU, o INSS estaria avaliando uma solução transitória para retomar os descontos a partir de junho, já que a solução definitiva estaria prevista para setembro daquele ano.

Junho de 2024

O então presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, aceitou pedido para implementar a regra transitória para retomar os descontos a partir de junho de 2024, desde que com assinatura eletrônica avançada e biometria facial com validação em bases biométricas públicas.

As autorizações valeriam para as entidades Sindnapi, Amar BR e Masterprev na competência de junho, mas, segundo a investigação, a extração da folha de pagamentos do INSS indica que houve 785.309 novas inclusões de 32 entidades diferentes.

Junho de 2024

Após dispararem queixas por descontos indevidos, o TCU (Tribunal de Contas da União) deu prazo de 90 dias para o INSS adotar ações para coibir fraudes e endurecer as regras já existentes. O INSS alegava que já tinha tomado medidas.

Setembro de 2024

Ofício da CGU de 19 de setembro de 2924 reforça o pedido para que o INSS tome providências sobre o tema. Segundo o órgão, os alertas já haviam sido feitos por meio de seis ofícios, entre os dias 8 de maio de 2024 e 12 de julho de 2024, que estavam sem respostas. O documento também pede que as associações e os sindicatos investigados enviem as informações solicitadas ou forneçam os dados que estavam faltando.

Outubro de 2024

Ofício da CGU pede reunião para que o INSS apresente como estão sendo aplicadas as recomendações. Em novembro, segundo o órgão, verificou-se que ainda não haviam sido registradas as medidas adotadas.

Polícia Civil de São Paulo, Ministério Público de São Paulo e o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) passam a investigar associações, a partir de boletins de ocorrência e processos judiciais no estado. Auditoria do INSS aponta R$ 45 milhões em descontos indevidos nas aposentadorias de janeiro de 2023 a maio de 2024.

Novembro de 2024

Nota técnica da CGU aponta que a implementação da solução transitória evidenciou riscos significativos, “como a perpetuação de falhas nos processos de averbação e a potencial continuidade de descontos indevidos”, segundo organograma elaborado pela investigação.

Abril de 2025

Operação da Polícia Federal e da CGU (Controladoria-Geral da União) aponta que o esquema envolve até fraudes em assinaturas eletrônicas. Entre 2019 e 2024, foram descontados dos benefícios do INSS R$ 6,3 bilhões, e ainda será apurado quanto desse valor é irregular.

O escândalo levou à demissão de Stefanutto, após ordem de Lula. Também foram afastados dos cargos servidores do alto escalão do INSS.

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