A Samsung alertou que as tarifas dos EUA afetarão a demanda por produtos e, enquanto maior fabricante mundial de chips de memória e smartphones, apresentou uma perspectiva negativa para o ano.

A empresa sul-coreana disse que “crescentes riscos políticos” aumentarão a incerteza para seu negócio de chips, enquanto as tarifas elevarão os preços dos componentes de smartphones e exercerão pressão por queda nas vendas.

“A incerteza contínua em torno das políticas tarifárias dos EUA continua representando um risco potencial de desaceleração da demanda”, disse o diretor financeiro Park Soon-cheol durante uma teleconferência de resultados na quarta-feira (30).

“Acreditamos que mudanças nas políticas tarifárias nas principais economias, bem como controles de exportação mais rigorosos contra [inteligência artificial], já estão contribuindo para o aumento das incertezas na demanda esperada para o segundo semestre.”

A pausa de Donald Trump em suas tarifas recíprocas havia encorajado alguns clientes a antecipar seus pedidos, disse a Samsung, mas a empresa alertou que essa antecipação poderia ter “algum impacto negativo” na demanda no segundo semestre do ano.

O alerta veio enquanto o negócio de chips da Samsung relatou uma queda de aproximadamente 40% no lucro operacional do primeiro trimestre, já que as vendas de seus chips de memória de alta largura de banda usados em hardware de IA foram afetadas por controles de exportação mais rigorosos dos EUA para a China.

Analistas estimam que a Samsung gera cerca de um terço de suas vendas de HBM na China. O impacto dos controles de exportação superou um aumento nos pedidos de clientes chineses que estocavam chips de memória antes das tarifas dos EUA.

A maioria dos semicondutores tem sido isenta das tarifas recíprocas de Trump, mas o presidente disse que planeja impor taxas sobre chips “muito em breve”. Os EUA também têm intensificado as restrições sobre fabricantes de chips que vendem para a China após os avanços da startup chinesa de IA Deepseek este ano.

As ações da Samsung caíram 0,4% na quarta-feira, acompanhando o índice de referência Kospi. As ações da empresa caíram mais de 28% no ano, pois ela não conseguiu aproveitar o boom da IA.

A fabricante de chips está lutando para alcançar a rival SK Hynix, cujas ações subiram 2% este ano, no lucrativo negócio de HBM. Os chips HBM avançados da Samsung ainda não passaram nos testes de qualificação para a Nvidia, um importante cliente de ambas as empresas.

A Samsung gastou 9 trilhões de wons (US$ 6,3 bilhões ou R$ 35,7 bilhões) em pesquisa e desenvolvimento no primeiro trimestre, um aumento de 16% em relação ao ano anterior, em meio a preocupações crescentes sobre seu enfraquecimento avanço tecnológico. A empresa planeja aumentar a produção de seus avançados chips HBM3E de 12 camadas no trimestre atual, pois espera forte demanda para servidores de IA.

“O ciclo de memória parece ter atingido o fundo, mas as ações da empresa têm sido pressionadas por incertezas crescentes relacionadas a tarifas e regulamentações”, disse Albert Yong, sócio-gerente da Petra Capital Management, um fundo de hedge com sede em Seul. “O desempenho da Samsung provavelmente não melhorará drasticamente sem as vendas de HBM para a Nvidia”.

Os EUA suspenderam tarifas recíprocas em dezenas de países, incluindo Coreia do Sul e Vietnã, até julho, mas uma tarifa mínima de 10% ainda se aplica e provavelmente aumentará os preços de vários eletrônicos de consumo da Samsung, como smartphones e TVs.

A Samsung produz quase metade de seus smartphones no Vietnã, enquanto a maioria de suas TVs vendidas na América do Norte é fabricada no México. A empresa disse que preparará medidas para lidar com as tarifas dos EUA, incluindo a consideração de relocação da produção de TVs e outros eletrodomésticos.