Os parques nacionais dos Estados Unidos receberam 331,8 milhões de visitantes em 2024, segundo levantamento divulgado pelo Serviço Florestal dos EUA —órgão que, segundo informou recentemente o jornal New York Times, sofreu sob a batuta do ensandecido Elon Musk cortes de 10% dos seus empregados, provocando uma grita geral de ameaça às políticas de manutenção, preservação e manejo. Enquanto isso, aqui no Brasil, o ICMBio (Instituto Chico Mendes da Conservação da Biodiversidade) acaba de soltar um levantamento confirmando que os nossos parques nacionais tiveram novo recorde de visitação no ano passado, com 12,5 milhões de visitas, um total 3,8% maior que que o já recordista 2023.
O levantamento do ICMBio, órgão ligado ao Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, vai ao encontro do total apurado pelo Instituto Semeia e divulgado aqui no blog, que apontava um total de visitação aos parques nacionais, em 2023, de 11,7 milhões. Somando os 3,8% apontados pelo órgão oficial para o ano passado, os números praticamente se igualam, confirmando que os brasileiros estão se voltando cada vez mais aos ativos de seus biomas.
Se consideradas não apenas os parques, mas todas as 161 unidades de conservação monitoradas (de um total de 340 que incluem áreas de proteção ambiental, reservas extrativistas, reservas biológicas, florestas nacionais e monumentos naturais), o número apurado pelo instituto chega a 25,5 milhões de visitas em todas as regiões do país. Esse total, segundo o órgão, representa uma alta de 4,9% em relação a 2023.
E, se entre os parques nacionais, a surpresa zero é a manutenção da liderança em número de visitantes do Parque Nacional da Tijuca, no Rio de Janeiro, na contagem de todas as unidades de conservação, a novidade é que a campeã de visitação é a Área de Proteção Ambiental da Baleia Franca, localizada no litoral sul de Santa Catarina, e um dos principais refúgios da Baleia-Franca-Austral. Foram 8,7 milhões os que passaram por lá no ano passado, segundo o levantamento, mais que as APAs de Fernando de Noronha, com 707 mil visitantes, e da Região Serrana de Petrópolis, com 657 mil.
Se os números são otimistas e sinalizam uma melhora razoável, é inquestionável que ainda estão muito aquém do potencial de nossos biomas. E um dos problemas que as unidades de conservação enfrentam e que acabam por inibir a promoção de seus espaços pelos gestores, segundo um especialista que acompanha há anos a atividade e que pediu reserva, é a falta de mão de obra minimamente qualificada para a gestão e o manejo das áreas protegidas.
Enquanto o órgão norte-americano acima citado tem 31.600 funcionários (depois da tesoura de Musk) para gerenciar aproximadamente 78 milhões de hectares de áreas protegidas, segundo consta em seu site, o similar brasileiro conta com um total estimado em escassas 1.934 almas, para cuidar de 76,1 milhões de hectares —ou seja, o ICMBio tem que cuidar de quase a mesma área com pouco mais de 6% do pessoal.
Tá, pelo menos não temos um Elon Musk.