A Temu interrompeu o envio de itens de baixo custo da China para venda direta aos consumidores americanos, enquanto reformula seu modelo de negócios em resposta à “taxa das blusinhas” da administração Trump.
As vendas no marketplace americano da Temu —que comercializa produtos domésticos que vão desde carregadores de celular até escovas de silicone para vaso sanitário— agora serão todas realizadas por comerciantes locais, baseados nos EUA, em vez de vendedores chineses, anunciou a empresa nesta sexta-feira (2).
A companhia, que vem construindo uma rede de vendedores nos EUA há mais de um ano, acrescentou que está recrutando ativamente mais comerciantes no país. No entanto, a decisão de se afastar dos vendedores chineses significa que seus negócios nos EUA poderão encolher significativamente como resultado.
As mudanças foram feitas enquanto os EUA eliminam suas regras alfandegárias “de minimis”, que isentavam de impostos de importação as encomendas recebidas com valor inferior a US$ 800 (R$ 4.537).
A partir desta sexta, remessas de baixo valor da China e Hong Kong estarão sujeitas a uma tarifa de 120% ou uma taxa fixa de US$ 100 (R$ 567) dependendo de como os produtos são entregues. A taxa aumentará para US$ 200 (R$ 1.134) a partir de 1º de junho.
As mudanças repentinas estão representando grandes desafios para a Temu e sua rival Shein, que vende principalmente roupas baratas. Ambos os varejistas exploraram a isenção “de minimis” para vender a preços mais baixos que os varejistas americanos, com produtos chineses baratos enviados diretamente aos consumidores.
O Financial Times reportou esta semana que a Shein está explorando a possibilidade de transferir a produção para seu negócio americano para fora da China e que sua aguardada estreia na bolsa de Londres provavelmente será adiada ainda mais pelas mudanças tarifárias. O negócio americano da varejista de fast-fashion representa cerca de um terço de sua receita de US$ 38 bilhões (R$ 216 bilhões).
Analistas estimam que os EUA são o maior mercado para a Temu, que pertence à empresa chinesa PDD Holdings.
“Os preços da Temu para consumidores americanos permanecem inalterados enquanto a plataforma faz a transição para um modelo de atendimento local”, disse a empresa. “A mudança foi projetada para ajudar comerciantes locais a alcançar mais clientes e expandir seus negócios. Esta transição faz parte dos ajustes contínuos da Temu para melhorar os níveis de serviço”.
A Temu continuará a obter produtos de vendedores chineses para suas operações em outros países ocidentais.
Temu e Shein são duas vítimas proeminentes da guerra comercial EUA-China. Washington impôs tarifas de até 145% sobre a maioria dos produtos chineses, e a China retaliou com tarifas de 125%.
Temu e Shein, que alimentaram seu rápido crescimento com publicidade massiva nas redes sociais, responderam reduzindo drasticamente seus gastos com publicidade nas últimas semanas.
Autoridades chinesas sinalizaram na sexta-feira que Pequim está avaliando recentes aberturas dos EUA para iniciar negociações comerciais. Anteriormente, Pequim havia sugerido que Washington deveria abandonar as altas tarifas se quisesse seu engajamento.