/ May 03, 2025

Carlos Alcaraz: até onde vai a carreira do tenista? – 02/05/2025 – Marina Izidro

Do quanto um atleta precisa abrir mão para tornar-se uma lenda de seu esporte? Depende do ponto de vista. Pelo menos, na opinião do fenômeno Carlos Alcaraz, ao dar uma escapada do circuito profissional de tênis para encontrar amigos em Ibiza, ilha na Espanha famosa pelas praias e, principalmente, pelas festas.

Na série documental que estreou no Netflix: “Carlos Alcaraz: Do Meu Jeito”, o espanhol quer mostrar que dá para ter uma carreira de sucesso e se divertir. Mesmo que “aproveitar”, nos parâmetros de um atleta profissional, seja se dar ao luxo de comer pizza depois de ganhar Roland Garros e tirar alguns dias de folga entre um torneio e outro.

(Atenção, o texto tem leves spoilers). Câmeras acompanham o tenista na temporada 2024 em competições, na casa da família e com amigos de infância. Nesse mundo do esporte de altíssimo nível, em que o entourage de um atleta decide tudo por eles –o que comem, como treinam e o que fazem nos momentos de lazer, ele revela que quer um pouco do controle da própria vida. E em um esporte solitário como o tênis, não gosta de estar só.

É aí que surgem discussões com Juan Carlos Ferrero, ex-tenista profissional e seu treinador. Ferrero defende que “para ser o melhor da história, você tem que ser escravo; caso contrário, é preciso aceitar que não chegará a ser sua melhor versão”. Já Alcaraz, ao mesmo tempo em que quer “sentar-se na mesma mesa que o ‘Big 3’ em termos de títulos,” referindo-se a Roger Federer (20 Grand Slams), Rafael Nadal (22) e Novak Djokovic (24), admite o cansaço mental que tanta dedicação traz, e não sabe se está pronto para pagar o preço.

Me surpreendeu o fato de ele e sua equipe terem escolhido mostrar esse lado –é óbvio que têm controle editorial e essa é uma parte editada de sua vida. Por que Alcaraz quis ou pelo menos não se importou de exibir esse recorte –o do jovem que vai à boates por dias seguidos e duvida do próprio comprometimento– não dá para saber. Atletas dificilmente mostram vulnerabilidade, para não dar munição aos adversários.

Talvez estejamos vendo uma mudança de perspectiva de uma nova geração de atletas que, ao sofrerem extrema pressão por serem catapultados ao estrelato, não têm medo de mostrar o que para muitos é fragilidade.

Alcaraz nasceu em um vilarejo de 25 mil habitantes na Espanha, começou a jogar tênis aos 4 anos, saiu da casa dos pais aos 12, virou profissional aos 15. Aos 19, foi o tenista mais jovem no masculino a se tornar número 1 do mundo. Já ganhou 18 títulos, sendo quatro Grand Slams. Hoje, prestes a completar 22 anos, é o 3º do ranking.

Ele critica as inevitáveis comparações com Nadal (que aparece em alguns trechos) e que ser chamado de “herdeiro do trono” é desnecessário. Até porque, é só fazer uma conta simples para ver como os integrantes do ‘Big 3’ são de outro planeta. Ganhar 20 Grand Slams exige conquistar pelo menos dois por ano durante dez anos. Vencer não é problema, manter-se no topo é o difícil.

Como será o tênis sem os três? Alguém vai alcançá-los? É sequer possível? Ao querer se afastar do rótulo de sucessor de Nadal e levar a carreira “do seu jeito”, Alcaraz surpreende e, dependendo de como você encare o conteúdo da série, deixa essas perguntas no ar.


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