/ May 04, 2025

Apagão leva espanhóis a uso recorde da Starlink – 04/05/2025 – Tec

Usuários de celular e internet na Espanha e em Portugal recorreram ao Starlink, de Elon Musk, em números recordes na segunda-feira (28), quando um amplo apagão de energia na península Ibérica expôs vulnerabilidades nas redes de telecomunicações.

O uso do serviço de comunicações por satélite aumentou 35% acima da média quando a cobertura de telecomunicações caiu nos dois países, de acordo com dados analisados pelo Financial Times. Houve um aumento de 60% na Espanha na terça-feira (29) em relação à média, enquanto as redes móveis ainda tentavam se restabelecer.

Os dados fornecidos pela empresa de análise de acesso à internet Ookla mostraram uso recorde do Starlink no país, com milhares de pessoas utilizando o serviço, segundo Luke Kehoe da companhia embora a empresa tenha se recusado a fornecer números exatos sobre o uso.

A qualidade da cobertura do Starlink diminuiu à medida que mais usuários recorreram ao serviço, mas não foi interrompida durante o apagão, acrescentou ele. Embora algumas estações terrestres do Starlink na parte continental da Espanha possam ter perdido o serviço, as conexões eram possíveis com sites em outros países, como a Itália.

No entanto, é improvável que a cobertura por satélite seja suficientemente ampla para fornecer cobertura para milhões de usuários durante eventos semelhantes de apagão no futuro. Os usuários precisavam de carga suficiente nos dispositivos móveis para acessar o serviço.

A operadora da rede elétrica espanhola Red Eléctrica afirmou que não sabe a causa exata da interrupção, que alguns especialistas vincularam à incapacidade da rede elétrica espanhola de gerenciar um fornecimento excepcionalmente alto de energia solar.

A cobertura móvel tradicional na Espanha e em Portugal foi muito impactada pelo corte de energia, levando a pedidos para que a rede móvel espanhola se tornasse mais resiliente. A consistência da rede, uma métrica de confiabilidade do serviço, caiu para até metade de sua taxa normal na tarde de segunda-feira, informou a Ookla.

Isso ocorreu porque muitas das milhares de antenas móveis em toda a Espanha foram derrubadas pela falta de energia, deixando apenas aquelas que tinham uma instalação reserva operando.

“Muitas pessoas estavam tentando acessar poucas opções. É por isso que durante a fase de recuperação foi difícil manter a conectividade estável”, analisou Claudio Fiandrino, pesquisador do Instituto IMDEA Networks em Madri.

As redes de telecomunicações frequentemente têm geração reserva em alguns locais, mas há limites para seu uso.

A Vodafone España disse que os geradores de backup foram acionados em 70% de seus sites na Espanha quando o apagão começou. Mas às 23h, muitas regiões ainda tinham baixos níveis de tráfego móvel, com regiões incluindo Galícia, Castilla La Mancha e Múrcia tendo apenas 20% de cobertura.

A Telefónica, outro grande provedor local, disse que “priorizou infraestruturas críticas para serviços de emergência e hospitais racionalizando o uso de recursos” durante os cortes de energia, restaurando 95% de sua rede móvel em pouco mais de 24 horas e voltou à normalidade na quinta-feira (1°).

Kehoe, da Ookla, disse que a Espanha e Portugal “não são únicos em termos de não terem uma presença significativa de geradores reservas com bateria na rede de sites móveis”.

No Reino Unido, um relatório recente da Ofcom constatou que, para apagões curtos, cerca de dois terços da nação poderiam recorrer a opções de emergência por pelo menos uma hora, devido à geração reserva para cerca de um quinto dos sites de torres.

Mas menos de 5% desses sites têm instalações de backup de pelo menos 6 horas. Custaria cerca de 1 bilhão de libras (R$ 7,5 bilhões) para atualizar as redes móveis para garantir quatro horas de acesso para contatar serviços de emergência para quase todas as pessoas, diagnosticou a Ofcom.

As empresas de telecomunicações informaram à Ofcom que os custos de ter uma reserva são “proibitivos”, de acordo com o relatório de fevereiro.

As empresas de telecomunicações espanholas e portuguesas operam com “margens muito apertadas” porque os preços são muito baixos, avaliou Kehoe. Isso torna o investimento para situações assim mais difícil do que nos países nórdicos, por exemplo, onde a receita média por usuário é maior e onde a geração reserva é mais forte.

Embora a escala do apagão da Espanha tenha sido diferente de qualquer coisa que o país já experimentou antes, o aumento de eventos climáticos extremos está levando os governos a se concentrarem mais na resiliência das redes de telecomunicações.

Na Noruega, os operadores devem financiar backup de bateria de duas horas nas cidades e quatro horas nas áreas rurais. A Austrália introduziu subsídios financiados com dinheiro público para que os operadores forneçam 12 horas de reserva de bateria para sites em algumas áreas remotas.

As causas do apagão espanhol permanecem indeterminadas, mas sua escala provavelmente será “um chamado de alerta para o governo e reguladores prestarem atenção à resiliência”, disse Grace Nelson, analista da empresa de pesquisa Assembly Research.

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