O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse nesta quinta-feira (8) que espera que haja negociações substanciais entre os Estados Unidos e a China sobre o comércio neste fim de semana, e afirmou que as tarifas não podem ir além de 145%.
“Não dá para aumentar mais. Está em 145%, então sabemos que vai cair”, disse Trump. “Acho que é uma reunião muito amigável. Eles estão ansiosos para fazer isso de uma forma elegante.”
Mais cedo, os EUA anunciaram um acordo comercial com o Reino Unido —o primeiro firmado após o tarifaço do dia 2 de abril.
O secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, e o negociador-chefe de comércio, Jamieson Greer, irão se reunir com o representante econômico da China, He Lifeng, na Suíça, neste fim de semana, para discussões que podem ser o primeiro passo para resolver a guerra comercial que está abalando a economia global.
Trump disse acreditar que a China deseja muito fazer um acordo e que gostaria de ver o país asiático abrir sua economia.
“Acho que teremos um bom fim de semana com a China. Acho que eles têm muito a ganhar. Acho que eles têm muito mais a ganhar do que nós, de certa forma”, disse Trump. Ele também voltou a dizer que a China tem um “enorme superávit comercial” com os EUA e que isso é inaceitável.
Questionado se falaria com o líder chinês Xi Jinping após as conversas, Trump disse que é possível. “Talvez, é, com certeza”, disse Trump.
POWELL, JUROS E INFLAÇÃO
Nesta quinta, Trump também renovou críticas ao presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, chamando-o de “tolo” e reclamando que o Fed está se recusando a reduzir a taxa de juros.
Na quarta-feira (7), o banco decidiu manter a taxa de juros inalterada, citando que a incerteza global, influenciada pelas tarifas, aumentou ainda mais e pode levar a um aumento do desemprego e da inflação.
“Tarde demais Jerome Powell é um TOLO, que não tem a mínima ideia”, escreveu ele em um post no Truth Social na manhã desta quinta. “O petróleo e a energia caíram muito, quase todos os custos (mantimentos e ‘ovos’) caíram, praticamente SEM INFLAÇÃO…”
Esse é um dos mais recentes ataques de uma investida contra Powell que vem se estendendo pelas últimas semanas. Trump chegou a insinuar que iria demitir o presidente do Fed (ameaça da qual voltou atrás dias depois).
Trump disse que reduzir a taxa de juros seria “como combustível de avião” para a economia, “mas que [Powell] não quer fazer isso”. Ele disse que o presidente do Fed “não está apaixonado por mim”.
O acordo com o Reino Unido pode ser o primeiro vislumbre de certeza em meio a perspectivas incertas, e torna o Fed menos propenso a reduzir as taxas agressivamente. Essa foi a leitura dos mercados financeiros. Os operadores recuavam nesta quinta em relação às apostas sobre o início das reduções das taxas em julho, com mais de três cortes até o final do ano sendo vistos como cada vez mais improváveis.
Acordos comerciais com a China ou com outros países, que podem oferecer mais previsibilidade para a política tarifária americana, também podem mudar as atitudes e previsões do Fed nos próximos meses.
Questionado sobre as críticas de Trump durante a coletiva de imprensa sobre a decisão do Fed na quarta, Powell disse que pretende concluir seu mandato como presidente, que termina em 2026, e afirmou que os apelos do presidente não influenciam o trabalho e as decisões do banco.
Powell se reuniu um total de três vezes com Biden. Os calendários da autoridade monetária também mostram que ele teve um jantar de 90 minutos com Trump na Casa Branca durante seu primeiro mandato, bem como vários outros encontros mais curtos, mas não falava com ele desde 2019.
Powell disse na quarta que nunca buscou e nunca buscaria uma reunião com um presidente. “Sempre foi o contrário”, afirmou. Trump, por sua vez, disse nesta quinta que falar com Powell é “como falar com uma parede”.