Impulsionada pelo clima, que foi favorável, e o crescimento e amadurecimento do parque citrícola de São Paulo e Minas Gerais, a safra 2025/26 de laranja deverá apresentar crescimento de 36,2% em comparação à anterior nos dois estados.
O anúncio foi feito nesta sexta-feira (9) pelo Fundecitrus (Fundo de Defesa da Citricultura) em Araraquara (a 273 km de São Paulo) e se refere ao cinturão citrícola formado pelo interior de São Paulo e o Triângulo/Sudoeste Mineiro. É a principal região produtora de laranja do mundo.
Conforme o órgão, a projeção é que a safra seja de 314,6 milhões de caixas de laranja (de 40,8 quilos cada), com margem de erro de 7 milhões a 8 milhões de caixas, o que indica uma safra entre 306 milhões e 322 milhões de caixas.
A previsão feita em maio do ano passado para a safra anterior foi de 232,38 milhões de caixas, a pior em mais de três décadas, e que se confirmou —foram colhidas 230,87 milhões de caixas, 0,65% abaixo da estimativa inicial.
Diretor-executivo do Fundecitrus, Juliano Ayres afirmou que o clima é um fator essencial para a definição de como será a produção de qualquer cultura agrícola.
“O fator principal para o aumento da safra, além de adubação, irrigação e controle de pragas e doenças, é o clima. Um ano muito quente e seco compromete toda a safra, principalmente no momento pós-florescimento […] Estamos voltando para os patamares de uma safra média. Não é uma supersafra, mas é uma boa safra”, afirmou.
O clima prejudicou a primeira florada, comprometida pelas altas temperaturas em agosto e setembro do ano passado, mas a condição de forte umidade do solo entre outubro e dezembro, com chuvas acima da média histórica, reverteu o cenário e estimulou a segunda florada, que ocorreu de forma abundante. Já as chuvas de janeiro e fevereiro deste ano elevaram o “pegamento” e desenvolvimento das frutas.
Além de ser 36,2% superior à safra passada, os dados apresentados nesta sexta mostram um crescimento previsto de 4,8% na comparação com a média das últimas dez safras no cinturão citrícola.
De acordo com Ayres, o inventário feito pelos técnicos do órgão mostram também que houve crescimento de 7,5% no total de árvores adultas, mais produtivas, o que também contribui para a previsão de aumento na colheita. O parque citrícola avançou de 199,311 milhões de árvores para 209,085 milhões.
“Com os bons preços que ocorreram em 2023 e 2024, o citricultor manteve mesmo as árvores menores [nem tão produtivas], e os pomares mais jovens também envelheceram”, disse.
O peso médio de cada laranja deverá se manter em relação às últimas safras: 158 gramas agora, ante 159 da safra 2024/25 e 160, da temporada 2023/24.
Num auditório com cerca de 200 grandes produtores rurais e entidades ligadas à citricultura, o Fundecitrus divulgou também dados que mostram o avanço da área irrigada na cultura nos dois estados.
O índice de irrigação, que era de 3% em 2005, avançou para 25% dez anos depois e, hoje, está em 45%, o que significa que praticamente um em cada dois pés de laranja conta com irrigação para se desenvolver.
O índice é maior no Triângulo Mineiro, com 98% da área irrigada, o que se explica por ser uma região mais seca em comparação com o interior de São Paulo. Há regiões paulistas com grande irrigação, como a central e a norte (de 60% a 80% irrigadas), mas em outras, com clima mais ameno e chuvas mais bem distribuídas, a técnica é quase dispensada.
É o caso de Itapetininga, segundo Ayres, que tem 1% de irrigação.