Projetado para ser o prédio residencial mais alto do mundo, o Senna Tower, lançado em Balneário Camboriú (SC) neste sábado (10), vai abrigar 18 mansões suspensas, com áreas privativas de 420 m² a 563 m², piscina e jardins, além de um elevador para carros.

Os preços dos apartamentos variam conforme a metragem e o tipo de planta do imóvel, na faixa entre R$ 28 milhões e R$ 300 milhões. Os mais caros serão dois triplex na cobertura e a ideia da FG Empreendimentos é levá-los a leilão, o que pode render valores bem acima do esperado.

O CEO da construtora FG Empreendimentos, Jean Graciola, brinca que os donos de uma Senna McLaren poderão guardar o carro no andar em que forem morar. Além das duas coberturas triplex e das quatro duplex, o Senna Tower terá 204 apartamentos com áreas privativas entre 300 m² e 400 m².

A previsão inicial é investir R$ 3 bilhões na construção, que terá 157 andares e 228 apartamentos.

Com 550 metros de altura, o arranha-céu vai superar o Central Park Tower (Nova York), com 472,4 metros, e o 111 West 57th Street (Nova York), de 453,3 metros.

O projeto é um marco na expansão imobiliária de Balneário Camboriú, cidade que tem o metro quadrado médio mais caro do país.

Desde o anúncio da torre, feito em setembro do ano passado, a FG já contabilizou o equivalente a R$ 1,3 bilhão em vendas de unidades. A projeção é chegar aos R$ 8,5 bilhões em VGV (Valor Geral de Vendas) até a conclusão das obras na barra sul da praia central da cidade —o que deve acontecer em cerca de oito anos.

Graciola afirma que ainda não está definido qual casa de leilões irá tocar a venda, mas a tradicional Sotheby’s desponta como potencial parceira no negócio.

Ao todo, serão seis pavimentos de lazer, com área de convivência, academia, salões de festas, entre outros.

Os clientes que já fecharam negócio assinaram um termo de confidencialidade para evitar que informações sobre o prédio vazassem antes do anúncio. A FG também fez uma análise de perfil prévio de potenciais compradores com o objetivo de filtrar possíveis especuladores.

O prédio incorpora soluções tecnológicas que minimizam impactos bastante comuns em áreas de orla, como ventos fortes. Para resolver o problema, será aplicado um tuned mass damper, contrapeso que serve para ajudar na estabilização do edifício e neutraliza o efeito dos ventos.

O empreendimento também ganhou atenção mundial por carregar a marca Senna no nome.

Inicialmente, a torre se chamaria Triumph Tower e, segundo Graciola, teria 360 metros de altura. O ponto de virada no desenho aconteceu quando, em 2019, Leonardo Senna, irmão mais novo do tricampeão de Fórmula 1, entrou em contato com Graciola por meio de um amigo em comum.

As primeiras reuniões de Graciola foram feitas com Leonardo e um diretor de marca da Senna Brands. Depois, entrou no circuito Viviane Senna, presidente do Instituto Ayrton Senna, e o negócio foi fechado definitivamente em 2020.

O contrato da parceria foi assinado já no ano seguinte. O projeto final está aprovado desde 2023, porém havia um acordo de sigilo absoluto até que o negócio pudesse ser, de fato, anunciado ao público.

O empresário avalia que a parceria com a família Senna deixou de ser um negócio meramente comercial e se tornou uma união entre as famílias. Ele e seu pai, Francisco Graciola, fundador da FG, participaram de eventos públicos em memória dos 30 anos da morte de Ayrton Senna, no ano passado.

O EDIFÍCIO

O conceito do empreendimento é assinado pela artista plástica Lalalli Senna, sobrinha de Ayrton e conselheira no instituto da família. Ela aplicou à arquitetura do prédio uma narrativa baseada na “jornada do herói” e que carrega princípios amplamente divulgados por Ayrton em seus anos como piloto.

A base, única parte que não é totalmente verticalizada, marca o encontro do propósito e início da jornada; no meio da torre, onde está a curva ascendente do edifício, a ideia é superar os desafios em busca dos ideais; o topo do prédio foi conceituado como o cumprimento da jornada e “transição para o eterno”.

A ideia do terraço, inclusive, é passar uma imagem de algo contínuo, com luzes que serão projetadas para o céu, representando o que Lalalli definiu como a transição da matéria para a luz.

“Toda grande história começa com uma jornada de superação e descoberta. O Senna Tower é uma obra de arte monumental, criada para inspirar cada um a buscar sua luz interior e seus ideais mais elevados”, diz Lalalli Senna em nota.

CEO do Senna Brands, Bianca Senna define o empreendimento como a entrada da marca Senna no mercado imobiliário. “O objetivo é transformar o projeto em um ícone vivo, que motive cada indivíduo a buscar seu verdadeiro potencial”, afirma.

Entre os edifícios sem classificação específica, será o sexto maior do mundo, atrás do monumental Burj Khalifa (Dubai), com 828 metros, o Shangai Tower (Xangai), com 632 metros, o Makkah Royal Clock Tower (Dubai), com 601 metros, o Ping Na Finance Center (Shenzen), com 559 metros e o sul-coreano Lotte World Center (Seul), com 555 metros.

Havia um desejo da FG e da família Senna de aplicar práticas sustentáveis ao prédio. O objetivo era receber selos globais para edificações sustentáveis, como o Leed Platinum, que atesta o uso de materiais certificados na edificação, a aplicação de sistemas de eficiência energética, redução de consumo de recursos naturais, entre outros.

O projeto de fundação recebeu a consultoria de Harry Poulos, engenheiro que atuou na obra do Burj Khalifa, o prédio mais alto do planeta, e foi projetado por Ricard Born, da BornSales. Serão instaladas direto no terreno rochoso estacas com mais de 40 metros de profundidade, cujo objetivo é garantir maior segurança e menor impacto ambiental.

Além do espaço residencial, o Senna Tower vai receber um memorial para apresentação do legado de Ayrton ao público. Lá estarão informações do empreendimento, a história do piloto, momentos marcantes de sua carreira, troféus, equipamentos de corrida, itens pessoais e imagens de arquivo.

Separado da entrada social, o térreo também vai receber quatro restaurantes de frente para o mar.

A família Hang aparece no negócio como uma das patrocinadoras do empreendimento. Segundo o CEO da FG, Luciano Hang é amigo pessoal da família Graciola desde 2005.

Dono das lojas Havan, Hang não é sócio da FG, mas comprou, quase 20 anos atrás, três terrenos em conjunto com a companhia –um deles onde agora é levantado o Senna Tower.

Jean explica que Hang estava indeciso se entraria como parceiro no Senna Tower ou se seria um mero permutante. O empresário detém 50% da quota do terreno. Até o momento, Hang precisou aportar somente valores relativos à outorga onerosa, uma taxa de R$ 150 milhões cobrada pelo município para reinvestimento na infraestrutura da região.

“A nossa parceria é muito sadia. Temos empresas familiares, mas com governança, somos auditados pela mesma auditoria, que é a Ernest Young. Então, no final, as coisas são bem claras, bem transparentes entre nós. São famílias com o mesmo propósito”, afirma Graciola.

O repórter viajou a convite da FG Empreendimentos