/ May 12, 2025

Estônia disparou em educação e tecnologia; qual a receita? – 11/05/2025 – Ronaldo Lemos

A Estônia tem 1,3 milhão de habitantes. É um país pequeno. Mas é um gigante em tecnologia. Em 1993, o país estava em ruínas. Tinha acabado de reconquistar sua independência. Naquele momento, era bem mais pobre que o Brasil, com um PIB per capita de US$ 1.100 (o nosso era US$ 3.700).

Em 30 anos, o PIB per capita da Estônia cresceu 30 vezes e hoje chega a US$ 30 mil. No mesmo período, o do Brasil cresceu menos de três vezes. A Estônia enriqueceu, e o Brasil empacou.

Escrevo este artigo direto de Tartu, no sul do país, onde estou gravando a 9ª temporada da série Expresso Futuro, exibida no Canal Futura. Apesar das diferenças com o Brasil, há lições a aprender com o país báltico. Afinal, ele já criou ao menos dez empresas consideradas unicórnios (dentre elas o Skype, a TransferWise, a Bolt e a Veriff). Tem um governo totalmente digital e acesso a todos os serviços públicos pelo celular. Na educação, está em primeiro lugar no ranking Pisa da Europa (acima da Suíça) e em 4º lugar no mundial.

Na sexta (9), fui ao Ministério da Educação, em Tartu, conversar com a ministra da área, Kristina Kallas. Ela me contou que parte do salto tecnológico foi porque o país percebeu, em 1996, que a internet seria central para a vida das pessoas. Tomou então a decisão ousada de colocar computadores e internet disponível em todas as escolas já em 1997.

A razão é curiosa: a missão da escola na Estônia é preparar os estudantes para a vida —não para se tornarem enciclopédias inúteis. Tanto é que faz parte do currículo escolar aprender a cozinhar, trabalhar madeira, usar ferramentas, fazer tarefas domésticas etc. Se a internet seria central para a vida, ela precisava ser incorporada com urgência na escola. O país fez isso sem piscar e no tempo certo. O resultado é que já no começo dos anos 2000 o programador Ahti Heinla criou o primeiro sucesso global da Estônia, o programa KaZaA, de compartilhamento de arquivos peer-to-peer.

Sua tecnologia seria então usada por Ahti logo depois para construir o Skype (cujo nome original era Sky Peer-to-Peer). O programa foi comprado pela Microsoft, em 2011, por US$ 8,5 bilhões, e aposentado por ela na semana passada. A cadeira estofada em que Ahti programava está hoje no Museu Nacional da Estônia em Tartu, cheia de furos (ele programava de pé nela).

A Estônia acabou de tomar outra decisão ousada: incorporar a inteligência artificial em todas as escolas. Professores e alunos têm agora acesso irrestrito ao ChatGPT. O país fez um acordo com a OpenAI, que forneceu licenças amplas para toda as escolas estonianas. O raciocínio é o mesmo. Se a inteligência artificial será parte central da vida, as escolas do país precisam incorporá-la no aprendizado desde já. O resultado poderemos conferir juntos daqui a alguns anos.

Reader

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