/ May 13, 2025

Estamos menos miseráveis, e a Bolsa sobe – 11/05/2025 – Marcos de Vasconcellos

Seis milhões de pessoas saíram da miséria no Brasil nos últimos dois anos, anunciou um estudo da Fundação Getulio Vargas (FGV Social). Se esse dado não te deixa mais feliz, é melhor marcar um raio-X para ver se o coração está no lugar certo. É para celebrar e vigiar. Outros 14,7 milhões de brasileiros seguem na chamada “pobreza extrema”.

O mercado de trabalho aquecido, somado a programas sociais de distribuição de renda, fez a renda média por pessoa das famílias entre as 5% mais pobres do Brasil subir 17,6% em 2024. Pelos dados coletados pelo Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS), 3 a cada 4 vagas de emprego criadas no ano passado foram ocupadas por gente que recebe o Bolsa Família, explica o professor Marcelo Neri, da FGV Social.

Cabe lembrar que, após esse aumento percentualmente chamativo, o rendimento médio por pessoa nessa faixa da população chegou a R$ 154 por mês. É o preço de quatro combos do Big Mac. Ressalto: por mês.

Para o conjunto total da população, o aumento da renda foi de 4,7% entre 2023 e 2024, já descontada a inflação oficial, medida pelo IPCA, que foi de 4,83% no período. Nos últimos 12 meses, a mordida foi de 5,53%. A sustentabilidade desse movimento de ganho real precisa nortear a tomada de decisão tanto dos governantes quanto dos investidores.

A melhora na vida de quem está na base da pirâmide é verdadeira, mas sustentada por um mercado de trabalho que está mais generoso e programas sociais. Se não houver um ambiente macroeconômico estável, com controle da inflação que permita juros mais baixos, esse avanço pode encontrar barreiras em alguns trimestres. A geração e manutenção dos empregos depende de um bom ambiente para empreender.

O nível da inflação atual permitiu ao Copom sinalizar, na semana passada, o fim do ciclo de aperto monetário. Uma pausa nos aumentos não é um corte. Ainda assim, a Bolsa atingiu sua máxima intradiária, impulsionada por todo o noticiário internacional, mas também por uma mudança de ventos.

Analistas apontam que vivemos uma chamada rotação dos investimentos: os grandes players estão saindo do setor de commodities e apostando na economia doméstica. Como a Selic a 14,75% ao ano mantém o custo do dinheiro altíssimo, quem sabe fazer o básico sai ganhando.

O Bradesco, banco tido como popular, serve de exemplo. Há poucos meses, o bancão foi alvo de vídeos virais, apócrifos, pregando seu iminente fim. Agora, apresentou melhoras na oferta de crédito e na inadimplência. Suas ações dispararam mais de 15% no dia seguinte à divulgação dos resultados.

O mesmo movimento apareceu no balanço trimestral do Itaú. Em um mundo onde todos querem ser fintech, quem sabe fazer o arroz com feijão de um banco, que é emprestar dinheiro e controlar gastos, sai premiado.

Mas convém lembrar que o mercado se antecipa. A Bolsa sobe não porque a economia esteja voando agora, mas porque investidores apostam que ela vai melhorar ou, pelo menos, não vai mais piorar.

Os grandes investidores estão mostrando um bom momento para encontrar empresas expostas ao consumo interno, mas com combustível para atravessar um cenário ainda caro e volátil. A melhora na base da pirâmide aponta para novas demandas, mas isso só deve virar bom resultado para quem puder esperar a mudança da maré nos juros.


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