/ May 12, 2025

Agenda de Galípolo mostra esforço concentrado com banqueiros sobre caso Master – 12/05/2025 – Mercado

Desde que o BRB (Banco de Brasília) anunciou a aquisição do Banco Master, no fim de março, o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, tem feito um esforço concentrado de reuniões com banqueiros e políticos para tratar do assunto.

Foram realizados ao menos 11 encontros sobre o tema em um intervalo de pouco mais de um mês, inclusive em fim de semana e feriado, segundo levantamento feito pela Folha a partir da agenda pública do BC. Procurada, a autoridade monetária não se manifestou.

No primeiro dia útil após o anúncio da compra do Master, Galípolo recebeu André Esteves, chairman e sócio sênior do BTG Pactual, e Paulo Henrique Costa, presidente do BRB (Banco de Brasília), na sede do BC, em Brasília.

Os dois compromissos foram incluídos na agenda no domingo à noite, e as demais reuniões previstas para o dia com outros agentes econômicos acabaram reagendadas.

Como mostrou a Folha, Esteves vinha conversando com o presidente do Master, Daniel Vorcaro, sobre a possibilidade de compra. Em comunicados oficiais, o BTG afirmou que nunca fez proposta para aquisição de ativos ou de participação no capital social do Master.

Acompanhado do CEO do Master, Augusto Ferreira Lima, Vorcaro teve até agora duas reuniões com Galípolo, a mais recente nesta quinta-feira (8). Uma das frentes de negociação de Vorcaro é com os donos da J&F, os irmãos Joesley e Wesley Batista –família dona da PicPay e do Banco Original.

A possibilidade de compra de alguns ativos do Master, como precatórios (títulos de dívidas judiciais), foi discutida por Joesley com Galípolo em encontro no 1º de Maio, feriado do Dia do Trabalho. Em um intervalo de menos de um mês, foram três reuniões ao todo entre eles.

Outro compromisso ocorrido em um dia pouco usual para a rotina do Banco Central, um sábado, foi a audiência do presidente do BC com representantes de alguns dos principais bancos do país —Bradesco, Itaú Unibanco, Santander e BTG— e do FGC (Fundo Garantidor de Créditos), no dia 5 de abril, em São Paulo.

Cinco dias depois, os banqueiros voltaram a se reunir com Galípolo, dessa vez por videoconferência. O uso do FGC em uma solução privada para o Master é motivo de impasse entre eles. O Itaú Unibanco é o mais resistente dos grandes bancos ao uso do fundo como saída para o chamado “bad bank” (banco ruim) do Master —fatia da instituição ativos de menor qualidade e que não seria absorvida na aquisição pelo BRB.

O presidente da instituição, Milton Maluhy, disse publicamente que o caso do Master não é uma responsabilidade dos bancos, mas do Banco Central.

As negociações do Master com o FGC devem resultar na concessão de uma linha de assistência de liquidez ao banco de Vorcaro.

O FGC ficou em evidência desde que o caso Master eclodiu, mas o presidente do fundo, Daniel Lima, já tinha se reunido com Galípolo em janeiro, primeiro mês da atual gestão.

Também antes do imbróglio, em fevereiro, o presidente do BC recebeu o senador Ciro Nogueira (PP-PI) para tratar de “assuntos institucionais”. Procurado, o presidente do PP não respondeu ao contato da reportagem.

No ano passado, o senador apresentou uma emenda para aumentar o valor de cobertura do FGC de R$ 250 mil para R$ 1 milhão. Na avaliação de parlamentares, como mostrou a Folha, ele exerceu a função de estreitar os laços de Vorcaro com lideranças de Brasília.

O caso Master também tem mobilizado a ala política. No fim de abril, foram ao Banco Central conversar com Galípolo a deputada federal Érika Kokay e os deputados distritais Chico Vigilante e Gabriel Magno. Publicamente, os petistas afirmam que não há transparência na transação entre o BRB e o Master.

Um dia depois foi a vez de deputados do PSOL se encontrarem com o presidente do BC. Participaram da reunião a deputada federal Fernanda Melchionna (RS) e os deputados distritais Fábio Felix, Max Maciel e Dayse Amarilio.

O BC tem até 360 dias para decidir sobre o pedido de autorização do novo arranjo societário do BRB.

Para temas de regulação, fiscalização, supervisão e organização do sistema financeiro, o Banco Central não impõe restrições na agenda da diretoria colegiada, diferentemente do que ocorre com temas relacionados ao Copom (Comitê de Política Monetária).

Desde o ano passado, o presidente e os diretores não podem se reunir mais de uma vez com um mesmo participante ou com um representante de uma mesma instituição externa para tratar de conjuntura econômica em um intervalo de 60 dias ou dois ciclos de encontros do Copom. Antes da mudança, o período era de 30 dias e de uma reunião do colegiado.

MISSÃO DO GOVERNO À CHINA

Além de reuniões sobre o caso Master, também destoam entre os compromissos de Galípolo encontros com autoridades chinesas ao longo do ano. Nesta semana, o presidente do BC participa de missão do governo brasileiro em Pequim.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi convidado pelo dirigente chinês, Xi Jinping, para participar da cúpula entre China e países da Celac (Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos), nesta segunda (12) e na terça (13). Também está prevista a assinatura de atos bilaterais durante a visita de Estado.

Essa será a segunda vez que Galípolo integra a comitiva brasileira em Pequim. No ano passado, quando ainda ocupava o cargo de diretor de Política Monetária do BC, esteve envolvido em negociações de parcerias com os chineses. Na ocasião, disse que Lula tinha pedido para que o BC acompanhasse as tratativas da área financeira.

Desde que assumiu o posto de presidente do BC, Galípolo se reuniu com representantes da Embaixada da China no Brasil em três ocasiões, uma delas foi um almoço com o embaixador Zhu Qingqiao, em 8 de fevereiro (sábado), em Brasília.

Parte desses encontros serviu como preparação para a viagem a Pequim. Outro compromisso de Galípolo no país asiático será um seminário promovido pela NAFMII (Associação Nacional de Investidores Institucionais do Mercado Financeiro).

Neste ano, o chefe da autoridade monetária também teve reuniões com representantes do Banco Popular da China (por videoconferência, em 2 de abril) e com o presidente do Banco Central da China (PBoC), Pan Gongsheng (nos Estados Unidos, no último dia 24).

FORA DA AGENDA

Em março, a Folha mostrou que Galípolo foi personagem de jantares com políticos e personalidades do meio cultural. Um deles teve a presença dos presidentes do STF (Supremo Tribunal Federal), Luís Roberto Barroso, da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP). Os compromissos não foram incluídos na agenda pública divulgada pelo BC.

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