/ May 13, 2025

Rappi promete dar reajuste acima do iFood para entregador – 13/05/2025 – Mercado

Felipe Criniti, CEO da Rappi no Brasil, diz que a empresa se prepara para anunciar um reajuste aos entregadores que trabalham no aplicativo e promete: vai ser mais alto do que o anunciado pelo iFood.

Segundo o executivo, os cálculos da Rappi devem ser concluídos nos próximos dias. No reajuste do iFood, a taxa mínima paga a cada pedido, que era de R$ 6,50, sobe para R$ 7 no caso dos ciclistas e R$ 7,50 nas entregas de carro ou moto.

“O que eu posso antecipar é que vamos ter uma taxa de reajuste melhor”, diz.

A promessa de Criniti não é mera provocação entre concorrentes. Ela acontece no momento em que o mercado de empresas de delivery inicia uma série de ações para tentar ganhar espaço do iFood, que hoje domina o setor.

A ofensiva inclui a chegada da chinesa Meituan ao Brasil, o retorno da 99Food ao país e o lançamento da estratégia da Rappi para crescer no serviço entrega de restaurantes. Nos últimos dias, as duas últimas empresas anunciaram que vão zerar taxas de intermediação na tentativa de atrair estabelecimentos para os seus aplicativos.

Ainda pequena no delivery de restaurantes brasileiro, com cerca de 8% de participação de mercado, a Rappi cresceu no país por meio das outras categorias, que a empresa chama de “verticais”, como a entrega de produtos de farmácia ou supermercado.

Agora, a Rappi avalia que chegou a hora de avançar sobre a vertical dos restaurantes. Para Criniti, o ambiente concorrencial melhorou após as medidas adotadas pelo Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) a partir de 2021 para conter a prática de exclusividade imposta pelo iFood aos estabelecimentos.

A meta é alcançar 25% de participação de mercado em três anos, segundo o executivo. Ele vê espaço para crescer atraindo pequenos restaurantes que ainda não trabalham com delivery digitalizado nos aplicativos.

Depois de oito anos no Brasil, o Rappi quer agora crescer em restaurantes. Por quê?

A maior vertical do Rappi lá fora está em restaurantes. Quando viemos para o Brasil, houve uma competição saudável por algum tempo, mas veio o impacto do movimento das exclusividades [estratégia do iFood para impedir estabelecimentos de se cadastrarem nos aplicativos concorrentes]. A participação que o Rappi tinha em restaurantes foi diminuindo. Outros players saíram do mercado.

Uber Eats e 99Food saíram do Brasil.

A Rappi se manteve porque não dependia só dessa vertical dos restaurantes. Na pandemia, a Rappi se desenvolveu em outras verticais, com serviços de entrega de supermercado, farmácia, petshop, lojas de shopping em geral, fora alimentação.

Nessas outras verticais, a questão concorrencial não tinha o problema dos restaurantes?

Exatamente. O nosso concorrente [iFood] se desenvolveu desde o início como entrega de restaurante. Nós nos desenvolvemos como delivery de tudo. O de restaurantes é importante, mas as outras verticais também se tornaram importantes, como a compra do mês no mercado, a compra de conveniência, compra da água e da cerveja. A decisão do Cade [que impede o iFood de firmar contratos de exclusividade com redes maiores do que 30 restaurantes] nos ajuda com os grandes restaurantes, mas os pequenos ainda têm receio [de deixar o iFood para entrar em outros aplicativos].

A taxa zero que vocês estão lançando agora é para tentar atrair estes pequenos estabelecimentos?

No modelo que chamamos de full service, tem a taxa de intermediação, a taxa do meio de pagamento e a taxa do entregador. A plataforma faz o serviço, e o restaurante só precisa preparar a comida e entregar na mão do entregador. Estamos oferecendo taxa zero [para intermediação e entrega]. Só vamos repassar para o restaurante a taxa cobrada pelo meio de pagamento, mas todo o restante vira zero. Ou seja, numa venda de R$ 100, o restaurante fica com R$ 96,50. Antes, numa venda de R$ 100, em média, ele pagava R$ 20 de taxas e ficava com R$ 80.

E para o consumidor final? Vai ter algum efeito?

Sem dúvida. Na nossa proposta tem uma contrapartida para o restaurante: no Rappi vai ter sempre que ser mais barato. Esperamos [que o preço do cardápio do delivery tenha] valores próximos ou iguais ao valor de balcão. Sem dúvida, podemos esperar cerca de 15% ou 20% de redução para o consumidor.

Essa estratégia para atrair restaurantes e consumidores vai durar quanto tempo?

Três anos. É um investimento de longo prazo, contemplando R$ 1,4 bilhão. A ideia chegar a 25% de market share [participação de mercado] total.


Não são só vocês que estão querendo ganhar espaço neste mercado. Vem também a 99Food, além da entrada da chinesa Meituan. Vocês acham que a dominância do iFood vai se equilibrar?

Sobre o market share do nosso concorrente, eu não tenho dúvida de que vai se equilibrar mais. Mas é mais do que isso. Hoje, ainda tem um filão grande para digitalizar. Os dados mostram que, todos os meses, 130 milhões de pedidos são feitos pelo WhatsApp. Do market share total, pode-se dizer que 30% são vendas feitas por WhatsApp de uma forma desestruturada, que não têm uma plataforma por trás. Então, desses 30% e deste mercado que vem crescendo, esperamos puxar uma fatia, porque a proposta de taxa zero encoraja o pequeno empreendedor.

A questão concorrencial melhorou, já está suficiente? O que falta?

Ainda não é suficiente. Mas consideramos que, para a nossa proposta, faz sentido e estamos seguros. Obviamente, há ainda muitas discussões tanto no mundo dos entregadores quanto no dos restaurantes, mas a gente prefere não entrar nessa guerra agora. O que estamos trazendo agora é a nossa proposta de dar taxa zero e empoderar o pequeno restaurante a entrar no delivery.

A inspiração para esse passo atual de vocês vem do mercado chinês?

Pegamos uma referência do passado, a história do Jack Ma, fundador do Alibaba, que virou o jogo na China. Em 2003, eles competiram com o Ebay, que tinha 78% de share contra 7% do Alibaba. Deram taxa zero para todos os sellers para que eles não só entrassem como também trouxessem ofertas. A proposta parece simples, mas ele atraía a maior quantidade possível de novos empreendedores. Essa proposta vira o jogo de 2003 para 2006, inverte para 70% de share do Alibaba versus 9% do Ebay, que depois sai do mercado chinês quando o Jack Ma persiste na taxa zero. Não queremos ser pretensiosos em dizer que vamos virar esse jogo, mas estamos confiantes em alcançar 25% de share nos próximos três anos.

E o entregador? Depois da greve dos motoqueiros, o iFood sinalizou um reajuste, ainda que abaixo do reivindicado. E vocês?

Vamos fazer um reajuste. O [reajuste do] iFood vai estar válido só em 1º de junho. Estamos, neste momento, fazendo as contas. Queremos gastar as próximas duas semanas para trazer algo consistente e não algo que gere uma comunicação, de certa forma, negativa, que foi o caso do que aconteceu com o iFood. O que eu posso antecipar é que vamos ter uma taxa de reajuste melhor.

Vai ser maior do que ele anunciou?

Isso eu posso te dar certeza, a não ser que eles mudem. Mas do que foi anunciado por eles, o nosso reajuste vai ser maior.


Raio-X | FELIPE CRINITI, 38

Formado em engenharia mecatrônica pela Faculdade de Tecnologia de São Vicente, o executivo foi dono de pizzaria e fundou a startup BoxDelivery, comprada pela Rappi. Em 2023, assumiu a presidência da Rappi no Brasil, após a aquisição

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