A Natura informou que pretende demitir 25% da equipe da Avon International este ano, totalizando 1.100 funcionários, após resultados ruins do braço da empresa fora da América Latina no primeiro trimestre de 2025.
“O fato de as receitas da Avon International ainda estarem abaixo do esperado, somado à persistente volatilidade cambial, desencadeou uma aceleração urgente dos esforços de reestruturação para minimizar a saída de caixa neste ano”, afirma a mensagem da administração da companhia que acompanhou os resultados trimestrais divulgados nesta segunda-feira (12).
A receita da Avon International foi de R$ 1,39 bilhões no trimestre encerrado em março.
A implementação dos cortes já começou e deve atingir o auge de impacto nos próximos meses, segundo a empresa. A holding vem buscando alternativas para simplificar a operação da Avon International desde 2024, inclusive com uma potencial venda entre as opções.
O CEO João Paulo Ferreira, em conferência de resultados nesta terça-feira (13), disse que o objetivo da Natura com a restruturação da Avon Internacional é que a operação deixe, a médio prazo, de consumir caixa, mas isso não deve acontecer em 2025. “É improvável zerar o consumo dentro deste ano, mas a expectativa é que haja uma redução.”
A aceleração da reestruturação ocorre na sequência de mudanças mais amplas na Natura, anunciadas em março deste ano. A holding Natura&Co, responsável pelos negócios da Natura e da Avon, deixará de existir e será substituída pela Natura Cosméticos S.A., que hoje é responsável apenas pelos negócios da marca brasileira.
A Natura&Co foi criada em 2019, após a fusão da Natura com a Avon. Além das duas marcas, a holding chegou a administrar a The Body Shop (vendida em 2023) e a Aesop (vendida para a L’Oreal também em 2023). Com a simplificação, Natura e Avon serão controladas pela Natura Cosméticos S.A..
As mudanças na estrutura foram anunciadas após uma queda de quase 30% nas ações da companhia em março, quando a empresa reportou prejuízo de R$ 438,5 milhões no 4° trimestre de 2024, valor bem acima das estimativas do mercado.
Já no primeiro trimestre deste ano, os números vieram acima das expectativas e agradaram o mercado. A Natura teve prejuízo líquido de R$ 150,7 milhões, uma queda de 83,9% em comparação às perdas do mesmo período de 2024.
O Ebitda recorrente da fabricante de cosméticos foi de R$ 789,5 milhões, um aumento de 30,1% em relação ao ano passado e acima dos R$ 623 milhões esperados por analistas em pesquisa LSEG.
A empresa reportou uma receita líquida de R$ 6,68 bilhões no período, montante alinhado à expectativa do mercado. As ações da Natura&Co avançavam mais de 5% nesta terça, em meio à repercussão positiva dos números.
“Os resultados do primeiro trimestre foram, sem dúvida, uma melhoria sequencial e sugerem que a América Latina está de volta à sua trajetória de recuperação de margem”, afirmaram analistas do Citi em relatório a clientes.
A Natura&Co Latam fechou o primeiro trimestre com margem Ebitda recorrente de 15%, saindo de 9,6% no quarto trimestre, reflexo da performance da Onda 2 (projeto de integração das marcas Natura e Avon na América Latina) e melhora nas despesas gerais e administrativas em relação à receita.
“Reforço o nosso compromisso e confiança na jornada de expansão de margem recorrente ano contra ano”, afirmou Ferreira. Ele também destacou que a implementação da Onda 2 deve ser concluída no segundo trimestre no México e no terceiro trimestre na Argentina, e que os custos de transformação devem ser concluídos neste ano e não devem exceder o total registrado em 2024.
A diretora financeira da companhia, Silvia Vilas Boas, também destacou que o grupo vai fazer os ajustes de preços que forem necessários conforme a dinâmica do mercado, enquanto reforçou o compromisso de reduzir a volatilidade da margem Ebitda e melhorar a conversão de caixa da empresa.