A inflação da Argentina caiu para 2,8% em abril, segundo dados divulgados nesta quarta-feira (14) pela agência oficial de estatísticas Indec. A taxa ficou abaixo da previsão de analistas consultados pela Reuters, de 3,1%, e marcou uma desaceleração em relação aos 3,7% registrados em março.
Essa é a primeira divulgação de dados da inflação na Argentina após o fim do “cepo cambiário”, o controle para a compra de dólares no mercado oficial para pessoas físicas. A restrição, que durou seis anos, chegou oficialmente ao fim no dia 14 de abril.
No mesmo dia, o país também anunciou a implementação de um regime de bandas para a flutuação do dólar oficial, entre 1.000 e 1.400 pesos argentinos, com uma atualização dos limites em 1% ao mês.
Analistas já esperavam que as mudanças no regime cambial não tivessem impacto na medida da inflação de abril. Economistas ouvidos pela Reuters esperavam uma inflação média em abril abaixo dos 3,8% de março, e uma aceleração em preços que são mais impactados pela taxa de câmbio, como combustíveis, que representam 4% do índice de inflação oficial.
“Agora não esperamos um impacto imediato sobre os preços”, diz o economista Fausto Spotorno, da consultoria OJF, acrescentando que o aumento da concorrência e a falta de pesos no mercado devem compensar qualquer inflação importada por uma moeda mais fraca.
A expectativa da agência Moody’s é de que a inflação do país fique em 30% no ano. “Temos uma projeção de 30% até o final do ano, agora com o fim do ‘cepo’ e o fato de que os preços dos combustíveis caíram, é possível que revisemos a projeção para baixo, dependendo das taxas de inflação em abril e maio”, disse Jaime Reusche, vice-presidente e diretor sênior de crédito da agência.
A inflação caiu em 2024 para 118%, de 211% no ano anterior, após a posse de Milei em dezembro de 2023. O presidente ultraliberal promoveu um forte ajuste dos gastos públicos.
Reusche avaliou as ações do governo como “prudentes” e elogiou o levantamento das restrições cambiais. “As coisas estão indo relativamente bem”, disse ele. “Ainda há certas restrições que serão gradualmente eliminadas e isso é prudente, e vemos que este governo é bastante prudente”, acrescentou.
A agência também estima que o crescimento no país será de 4% em 2025, contra estimativa de 5% do mercado.