/ May 17, 2025

Presidente do BB: dívidas do agro surpreenderam – 16/05/2025 – Mercado

O resultado financeiro do primeiro trimestre do Banco do Brasil decepcionou o mercado. A queda de mais de 20% no lucro líquido ajustado na comparação anual foi puxada, principalmente, pelo aumento da inadimplência do agronegócio –algo que a presidente do BB, Tarciana Medeiros, afirma que estava no radar, mas, ainda assim, surpreendeu as expectativas.

“Quando divulgamos o resultado consolidado de 2024, já prevíamos uma inadimplência maior e mais resistente para o agro nesse primeiro trimestre. Mas veio acima do que esperávamos”, afirmou ela em entrevista coletiva a jornalistas nesta sexta-feira (16).

“Como os volumes no agronegócio são muito elevados, qualquer variação de inadimplência que ocorra fora da previsão tem um impacto muito grande nos balanços. Essa foi a pior inadimplência da história do agro, […] e devemos vê-la ainda resistente no segundo trimestre.”

A concessão de crédito do BB tem o agronegócio como carro-chefe. A inadimplência da carteira alcançou 3,04%, ante 2,45% no quarto trimestre de 2024 e 1,19% um ano antes.

O BB relacionou o desempenho geral a esse agravamento das dívidas do agro, bem como à vigência de novas regras contábeis. O banco estatal reportou lucro líquido ajustado de R$ 7,37 bilhões, uma queda de 20,7% em relação ao mesmo período do ano anterior. A média das estimativas de analistas consultados pela Bloomberg previa R$ 9,05 bilhões no período.

Como resultado, as ações do banco desabavam no pregão da B3 desta sexta. Às 13h, caíam 12,21%, cotadas a R$ 25,81, agindo como um fator de pressão negativo para o Ibovespa.

Em teleconferência com analistas nesta sexta, o vice-presidente de gestão financeira do BB, Geovanne Tobias, afirmou que o banco acredita que medidas de judicialização, protesto e cobrança, aliadas à geração de renda maior no campo por safra recorde, devem conseguir controlar a inadimplência no agro no segundo semestre.

Questionado sobre o perfil das recuperações judiciais do setor, Tobias afirmou que estão concentradas nos estados de Mato Grosso do Sul, Goiás e Mato Grosso.

Já Tarciana, na entrevista coletiva com jornalistas, frisou que 80% dos inadimplentes do setor “são clientes que nunca estiveram nessa posição com o banco antes e que já operam conosco há muito tempo”.

“Há a expectativa de que eles honrem essas dívidas ainda no segundo trimestre, mas a recuperação de crédito no agro tem um intervalo de tempo maior do que o da pessoa física ou jurídica. Isso significa que ainda vamos ver uma inadimplência resistente no segundo trimestre, mas a tendência é que, no segundo semestre, já com o novo ciclo de safra, tenhamos uma previsão melhor sobre a recuperação de crédito.”

Ela também afirmou que não há qualquer tipo de “descontrole” na inadimplência de pessoa física ou jurídica.

“Nós não vamos arrefecer a oferta de crédito para o cliente que tem o perfil para tomar crédito, sempre tendo o cuidado de não superendividar aqueles que já estão em uma situação de maior dificuldade ou de maior alavancagem. E aqui friso micro e pequenas empresas, onde a Selic elevada inspira mais cautela na concessão de crédito para esse cliente.”

O BB, além disso, está abrindo conversas com o BC (Banco Central) para estudar um tratamento diferente para a carteira agro no âmbito da resolução 4.966, que estabeleceu o modelo de perda esperada e criou pisos mínimos de provisão.

Segundo Tarciana, o diálogo com a autoridade monetária ainda não está avançado porque o trimestre foi fechado agora e “só tivemos certeza do comportamento das operações do agro no fechamento do balanço”.

“Queremos que essa carteira seja analisada de forma diferente. Pelo histórico que temos de modelos homologados e do BC já conhecer a forma de atuação do banco, o comportamento do agro não é de complexo entendimento.”

Em conversa com analistas, o vice-presidente de riscos, Felipe Prince, explicou que a nova resolução criou “jabuticabas” por estabelecer pisos mínimos de provisão.

“Nós temos muita confiança nos nossos modelos, mas esse piso mínimo acaba fazendo com que as despesas de provisão sejam muito mais repentinas do que cadenciadas, como era antes. Elas agora sobem de elevador e descem de escada, porque o período de cura também está maior. Ela deveria caminhar mais para como é a regulação no resto do mundo.”

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