/ May 18, 2025

O risco da gripe aviária – 17/05/2025 – Vinicius Torres Freire

Em 2020, misturas genéticas de um vírus da influenza aviária deram em um tipo perigoso, “altamente patogênico”, de H5N1, reconhecido de início em gansos na China, em 1996. Em maio de 2021, descobriram-se raposas infectadas em um centro de reabilitação animal na Holanda. Em janeiro de 2022, soube-se de aves silvestres infectadas nos Estados Unidos e de leões-marinhos no Peru, que morriam às centenas. Em fevereiro, a doença apareceu em uma criação americana de perus, o começo do desastre comercial das granjas por lá.

A cronologia do espalhamento do H5N1 lembra cenas iniciais de filmes-catástrofe do clichê. Vê-se a raposinha na cena campestre. Depois, bichos começam a morrer no mato ou nas praias. Corte então para o noticiário de TV que mostra o descarte de milhares de frangos sacrificados. A seguir, aparecem cientistas que haviam avisado as autoridades do problema, sem sucesso.

Não é provável que alguém vá fazer o filme do grande massacre de galinhas, embora o H5N1 contamine também humanos e, em algum dia, por um azar da recombinação genética em um mundo globalizado, possa ser transmissível entre pessoas, como já aconteceu com outras variantes, dando em epidemias mortíferas de gripe.

Desde 2024, 70 pessoas foram infectadas com H5N1 nos Estados Unidos, segundo o Centro de Controle de Doenças (CDC), doenças na maioria leves, com uma morte. Na maior parte, 41, foram contaminadas na lida com vacas leiteiras.

Sim, 1.063 rebanhos foram infectados até a semana passada, começando em 2024. Gatos, gambás, guaxinins e, pelo mundo, uns 200 tipos de mamíferos pegaram o vírus. Os cientistas não estão apavorados com os riscos, mas “monitoram” a situação. NÃO HÁ RISCO NO CONSUMO DE AVES E OVOS.

O problema até agora é econômico, em especial nos EUA. Segundo o departamento (ministério) da Agricultura deles, até a semana passada mais de 169 milhões de aves haviam sido sacrificadas ou mortas por causa de 1.700 surtos de H5N1, na maioria frangos, mas também perus.

Os EUA costumam ter um rebanho de 380 milhões de galinhas poedeiras e abatem 9,4 bilhões de frangos por ano (no Brasil, são uns 270 milhões de poedeiras e uns 6,5 bilhões de abates).

Cientistas dizem que os EUA são propensos ao espalhamento natural desse tipo de vírus, por causa do padrão mundial de migração de aves. Patos, gansos, cisnes, gaivotas e outras aves marinhas ou migratórias carregam também o H5N1 ou são seus hospedeiros naturais. Se essas aves ou suas contaminações entram em contato com aves de criação, o vírus pode se propagar. O comércio local e internacional de aves vivas, criações ruins ou irregulares e também o espalhamento de suas sujeiras faz o resto do serviço.

Em maio de 2023, o H5N1 foi detectado em aves silvestres no Espírito Santo e no Rio de Janeiro. Decidiu-se uma emergência de 180 dias. Na semana passada, suspeitou-se da doença em uma criação gaúcha, fizeram-se os testes e o problema foi logo divulgado.

Quanto a doenças, o Brasil segue o protocolo e tem um sistema de vigilância bom, profissional e transparente. Nos EUA, houve imenso fracasso da vigilância.

O risco econômico fica para outra coluna. Aqui, a gente lembra de como a humanidade ficou mais propensa a “criar” vírus e de como se presta pouca atenção a isso até que apareça um bicho mutante e mortífero que uma ou duas décadas antes parecia restrito a animais do mato.


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