O dólar abriu estável nesta segunda-feira (19), em meio às perdas da moeda norte-americana no exterior, com os investidores reagindo ao rebaixamento da nota de crédito dos Estados Unidos pela agência Moody’s, enquanto as tensões comerciais continuam no radar.
Às 9h11, o dólar subia 0,04%, a R$ 5,6714. Na última sexta (16), os EUA perderam a classificação de crédito máxima (triplo A) concedida pela Moody’s Ratings.
A agência rebaixou a classificação de crédito dos EUA de Aaa para Aa1, enquanto a perspectiva foi alterada de negativa para estável.
Na sexta-feira (16), a Bolsa brasileira fechou o pregão com um recuo discreto de 0,10%, a 139.187 pontos, depois de encerrar aos 139.334 pontos na quinta-feira (15) e bater um novo recorde histórico. Ao longo da semana passada, o Ibovespa acumulou um ganho de 1,96%.
O índice foi puxado para baixo pelos papeis do Banco do Brasil, que fecharam com recuo de 12,38%, a R$ 25,76, após o banco divulgar uma queda de 20,7% nos lucros no 1º trimestre. A Marfrig esteve entre os destaques positivos, subindo 21,35% e renovando máximas históricas após anunciar que irá incorporar a BRF.
A desvalorização dos papeis do setor agropecuário brasileiro também pressionaram o sinal negativo do Ibovespa, após a confirmação, nesta sexta-feira (16), do primeiro caso de vírus da influenza aviária de alta patogenicidade, H5N1, em uma granja de aves comerciais no Rio Grande do Sul. As ações da JBS fecharam em queda de 0,71%, da Boa Safra em baixa de 2,90%, enquanto os papeis do BrasilAgro perderam 0,84%.
Já o dólar encerrou a sessão com uma leve queda de 0,19%, cotado a R$ 5,668, após ter alcançado os R$ 5,713 na máxima do dia. Na semana passada, porém, acumulou alta de 0,25%. A divisa chegou a registrar avanços com investidores de olho em novidades sobre negociações comerciais dos Estados Unidos com parceiros, mas desacelerou alta e passou a cair após dados sobre a confiança do consumidor americano, que diminuiu ainda mais em maio.
As preocupações do mercado com o cenário fiscal, que levaram a moeda a fechar em alta de 0,83% na véspera, a R$ 5,679, seguiram no radar dos agentes do mercado, mas não foram suficientes para interromper a trajetória de queda do dólar nesta sessão.
As atenções da sessão de sexta se voltaram a novos dados econômicos dos EUA, com destaque para números de confiança do consumidor, que caiu para 50,8 neste mês, em comparação com a leitura final de 52,2 em abril. Economistas consultados pela Reuters previam que o índice subiria para 53,4.
As expectativas de inflação para daqui 12 meses saltaram de 6,5% para 7,3% em abril. Tanto os democratas quanto os republicanos previram uma inflação mais alta no curto prazo.
Ao longo da semana, dados fracos para inflação e vendas no varejo aumentaram a expectativa por cortes na taxa de juros pelo Fed (Federal Reserve, o bc americano).
Os investidores também seguiram à espera de novidades sobre as negociações comerciais do governo do presidente dos EUA, Donald Trump, com parceiros comerciais, depois que acordos fechados com Reino Unido e China deixaram os agentes mais otimistas no início da semana.
De forma geral, analistas temem que as tarifas anunciadas pelo presidente dos EUA, Donald Trump, em abril, em particular as taxas sobre a China, provoquem uma recessão global. Com isso, qualquer indício de acordos comerciais entre os EUA e seus parceiros tem trazido alívio aos mercados.
Na cena doméstica, os investidores mantiveram o foco no exterior, depois de terem retomado preocupações com o cenário fiscal brasileiro na véspera.
Desde quarta-feira (14), havia especulações na imprensa de que o governo poderia lançar medidas econômicas para alavancar a popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Uma das propostas era reajustar o valor do Bolsa Família de R$ 600 para R$ 700 a partir de janeiro de 2026.
Em meio ao estresse, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tentou diminuir os ruídos na quinta, dizendo que o governo está preparando “medidas pontuais” para assegurar o cumprimento da meta fiscal, mas as declarações não foram suficientes para acalmar o mercado de câmbio na véspera.
O tema atrai a atenção de agentes do mercado porque um reajuste no Bolsa Família geraria impacto fiscal e elevação da dívida pública.
“O próximo ano será ano eleitoral, com taxa de juros elevada, inflação alta e crescimento econômico baixo. Isso pode levar o governo a tomar uma série de medidas para tentar recuperar popularidade e reverter a situação, o que pode gerar instabilidade e consequências negativas para 2027”, disse Pablo Alencar, especialista da Valor Capital.