O Tinder, aplicativo de relacionamento que faz parte do Match Group, lança nesta terça (20) um guia de segurança e uma linha de emergência 24 horas para casos de abuso em encontros. A iniciativa é feita em parceria com o Projeto Justiceiras, criado em 2020 para atender mulheres em situações de violência, e estará disponível no app ao longo da semana.
Para utilizar a linha, os usuários deverão acessar a “Central de Segurança do Tinder”, um ícone de escudo ao lado das configurações, no canto superior direito do app. O botão vai direcionar os usuários ao formulário do Projeto Justiceiras e, a partir disso, as atendentes vão entrar em contato com as vítimas para encaminhá-las ao setor jurídico ou psicológico.
O preenchimento da ficha, por si só, não é registrado como uma denúncia; o Tinder diz que se trata de uma medida para encurtar o caminho entre a denúncia e os órgãos responsáveis.
“A linha é um local único para obter suporte e orientação em caso de violência ou agressão sexual. Isso inclui informações sobre denúncias à polícia e ao Tinder, mas também recursos de apoio à saúde mental”, afirma Yoel Roth, vice-presidente e chefe de confiança e segurança no Match Group.
Já para fazer uma denúncia formal ao aplicativo, é preciso ir até o perfil da pessoa suspeita e selecionar a opção “Denunciar” nos três pontos, enunciando o motivo. Segundo o Tinder, todas as denúncias são apuradas. A empresa diz se manter em colaboração com as autoridades policiais para oferecer registros potencialmente úteis para colaborar com as investigações.
De acordo com pesquisa feita pelo aplicativo, apenas 27% das mulheres brasileiras conhecem as ferramentas de segurança disponibilizadas pelo Tinder. Esse teria sido um dos motivadores para o lançamento do guia, que traz informações sobre como denunciar situações desconfortáveis.
“Nele, também abordamos a questão do consentimento, que, especialmente para homens jovens, é uma parte incrivelmente importante da experiência de namoro. Enfatizamos que o consentimento não é apenas algo que acontece uma vez, é contínuo, é espontâneo”, diz o VP.
O projeto de segurança no Tinder tem como base quatro pilares. “O primeiro deles é proteger a segurança física das pessoas que usam nossos aplicativos. Sabemos que especialmente as mulheres estão preocupadas com o que pode acontecer quando dão o passo de se conectar pessoalmente”, afirma Yoel.
O segundo é a autenticidade das contas no aplicativo. “Na verdade, 98% de nossos esforços de confiança e segurança estão focados em manter as contas que você vê no Tinder reais. A verificação por foto ou por identidade, por exemplo, é usada por mais de 40% dos usuários.”
“Em terceiro lugar, construímos nossos aplicativos para todos. Não queremos apenas que o Tinder seja algo para relacionamentos heterossexuais. Oferecemos opções inclusivas para as pessoas expressarem suas identidades, sejam as mais de 50 opções diferentes de gênero que disponibilizamos ou nossos controles de conexão exclusivos que permitem que as pessoas escolham com quem fazem match”, diz.
O quarto pilar está relacionado à individualidade na experiência de namoro. “Sabemos que aqui no Brasil, especialmente, as pessoas são muito abertas sobre namoro, sexo e encontros casuais. E isso é ótimo, mas nem todo mundo é. Por isso construímos recursos que fazem com que as pessoas possam decidir como querem se envolver no Tinder e que tipo de experiência querem ter”.
GOLPES VIRTUAIS
Yoel diz que existe uma ampla variedade de golpes que podem surgir em um aplicativo de namoro, e que eles podem assumir muitas formas diferentes. Um exemplo é o da intimidação, que usa o medo humano relacionado a segurança física na tentativa de assustar alguém para que pague dinheiro.
“A pessoa dá match e sai para um encontro, que corre totalmente normal. Mas depois de ter formado essa conexão, ela recebe uma mensagem no WhatsApp de um número de telefone que não reconhece, e é alguém dizendo: ‘Ei, sou o namorado de fulana. Por que você está mexendo com minha namorada? Vou te machucar se você não me der esse dinheiro’. Sabemos que isso não é algo que realmente resultaria em violência ou dano, mas é um risco único aqui no Brasil e é algo que nos concentramos”, diz.
Outro tipo de golpe, que, segundo Yoel, não é restrito ao Brasil, é chamado golpe do restaurante. “A ideia aqui é que você se encontra com alguém em algum estabelecimento, pedem algumas bebidas, e então a conta chega. E por algum motivo, as bebidas da outra pessoa são realmente caras, como 10 ou 20 vezes mais caras do que deveriam ser, e ela deixa você sozinho com a conta na mesa”, diz.
Neste caso, geralmente, a pessoa que estava no encontro tinha um acordo com o estabelecimento. “O restaurante cobrará a mais pelas bebidas. O rapaz pagará pelas bebidas no encontro. O restaurante devolverá parte desse dinheiro à pessoa que realizou o golpe. Todo mundo ganha dinheiro, exceto o rapaz que estava no encontro e foi enganado”.
O VP afirma que, caso algum golpe aconteça, a coisa mais importante a se fazer é enviar uma denúncia. “Em momentos como este, ouvimos muito que as pessoas se sentem muito envergonhadas. Esse é um sentimento natural, mas realmente precisamos que as pessoas relatem esses casos para nós e para as autoridades policiais.”