Essa não era a uma montanha-russa como as outras. Não tinha quedas vertiginosas, não te deixava de cabeça para baixo nem pegava muita velocidade. Mas sacudia —e como! Era tudo de que eu precisava depois de 26 horas sem dormir.
Resumindo: eu tinha saído da Espanha praticamente virado depois de, mais uma vez, achar que eu poderia viver a movida madrilenha como se eu ainda fosse aquele garoto de 20 anos que descobria as loucuras de uma cidade que inspiraria Almodóvar nos anos 1980. E embarquei com meus 62 anos num voo diurno de nove horas para Miami.
Três horas depois de aterrissar nos EUA eu embarcava para Orlando, onde cheguei com tempo apenas para tomar uma boa ducha e partir para uma prévia do novo Universal Epic Universe, que abre para o grande público nesta quinta-feira (22).
Já mencionei que o fuso horário jogou meu metabolismo seis horas para trás? Some isso a toda essa epopeia e você vai ter uma ideia do que estava acontecendo comigo enquanto eu sacolejava na atração de um dos mundos do parque: a montanha-russa batizada de Mine-Cart Madness.
E quer saber? Apesar de todo o cansaço, eu não poderia estar mais feliz. Afinal eu tinha sido escolhido pra ser um dos primeiros a explorar as atrações que boa parte dos fãs de cultura pop mais esperavam. E isso incluía uma imersão inesperadamente divertida no mundo do Super Nintendo.
Veja bem: minha experiência mais próxima com Mario e Luigi, as estrelas do universo “Super Mario Bros.”, tinha sido no início dos anos 1990, quando minha vizinha e parceira de dança, Sossô, me chamava para jantar com seus filhos, à época com pouco menos de 10 anos, e eu ia noite adentro apanhando deles no vídeogame.
Decepcionado com minha performance, abandonei o controle do Nintendo, mas não aqueles personagens cujo maior poder, independentemente de quantas moedas você colecionava, era irreversivelmente se instalar no nosso universo pop coletivo. Tanto que mesmo um jogador bissexto como eu se sentiu em casa assim que pisou no mundo deles no Epic.
Apesar de gigantesco, o parque nos transmite um aconchego que permite a todos viver ao máximo suas viagens pop! Mesmo quem, como eu, apenas esbarra nesses universos: não precisei jogar todas as versões de “Super Mario” para me apaixonar por tudo ali. E essa experiência se repetiu por todo o Epic.
Até hoje eu só tinha assistido ao primeiro “Como Treinar o seu Dragão”, mas isso não me impediu de me sentir um viking nesse canto do parque. Meu entusiasmo com “Harry Potter” se resume a ter lido, com gosto, apenas o primeiro e o último volumes da saga, além de ter visto todos os filmes. Mas eu transitava ali pela Paris dos anos 1920 e pelo Ministério da Magia como se eu fosse o aluno mais aplicado de Hogwarts.
E por falar em mágica, esta é a maior delas que você experimenta no Epic: mergulhar na fantasia como se não houvesse um mundo lá fora. E eu já quero viver isso de novo.
Nem que seja para eu ter a sensação de ser chacoalhado por uma montanha-russa insana depois de atravessar um oceano sem dormir por mais de um dia!