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Mover uma montanha começa com pequenas escolhas – 21/05/2025 – De Grão em Grão

Empurrar um carro atolado é uma das experiências mais frustrantes que se pode ter. No começo, ele parece imóvel, indiferente ao esforço. É preciso insistir, ajustar o ângulo, calibrar o jeito, até que, de repente, com pequenas mudanças, o carro finalmente se solta e começa a andar.

Muitas decisões importantes na vida seguem essa mesma lógica. Não se trata de mover montanhas de uma vez, nem de esperar que, por sorte, o carro saia sozinho do lugar. O segredo está no movimento inicial, ainda que pequeno, e na persistência.

Confúcio, o filósofo chinês, dizia: “Aquele que move uma montanha começa carregando pequenas pedras.” Não há mágica, nem heroísmo: há método, paciência e a consciência de que o grande é sempre resultado do pequeno, bem feito e repetido.

Esse pensamento se conecta diretamente com o sentido original da palavra inteligência. Do latim “intelligere” se divide em duas partes:

  • “Inter” → significa “entre”.
  • “Legere” → significa “escolher”, “selecionar”, “recolher” ou “ler”.

Ou seja, inteligência não é acumular informações ou esperar por respostas perfeitas, mas sim a capacidade de discernir, de escolher entre diferentes caminhos com clareza e intenção.

Esses dois conceitos — mover pequenas pedras e escolher com inteligência — estão na base de qualquer planejamento financeiro responsável.

É comum encontrar quem fique paralisado, esperando o momento ideal para começar a se preparar para a aposentadoria, proteger o patrimônio ou buscar alternativas de crescimento. Acredita-se que, quando todas as variáveis estiverem sob controle, aí sim será o momento certo. Mas, como no carro atolado, essa espera só aprofunda a inércia.

Enquanto isso, o tempo — esse ativo silencioso e insubstituível — segue passando, indiferente à hesitação.

Por outro lado, há quem se precipite, tentando resolver tudo com uma única decisão impulsiva: um investimento arriscado demais, uma proteção insuficiente ou uma aposta inconsequente na esperança de recuperar o tempo perdido.

Nem a paralisia, nem a precipitação são prudentes. Prudência não é esperar indefinidamente, nem agir sem pensar. Prudência, como ensinava Confúcio, é entender que o movimento começa com pequenas decisões bem escolhidas, tomadas no momento possível, e não naquele idealizado.

No planejamento financeiro, isso significa começar a preparar a aposentadoria, mesmo que com contribuições modestas. Significa proteger o patrimônio, ainda que ele não seja gigantesco, com instrumentos que garantam segurança no longo prazo. Significa, também, buscar alternativas para acelerar o crescimento, mas sempre equilibrando ambição com preservação, avançando com consciência e recuando quando necessário.

A inteligência, nesse contexto, é essa capacidade de escolher, com clareza, entre os muitos caminhos possíveis, separando o que é útil, seguro e eficaz daquilo que é apenas ruído, risco ou ilusão.

No fim, quem alcança a tranquilidade financeira não é quem soube tudo desde o início, mas quem teve a coragem e a inteligência de começar, com pequenas escolhas bem feitas, e seguiu em frente, ajustando, protegendo e construindo, pouco a pouco, a sua própria montanha.

Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor.

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