/ Jun 15, 2025

O colapso profissional da Geração X – 28/05/2025 – Mercado

Há uma boa chance de que quem começou a trabalhar com publicação de revistas, jornalismo impresso, fotografia, design gráfico, publicidade, música, cinema e TV nos anos 90 esteja fazendo outra coisa. Isso porque essas indústrias encolheram ou se transformaram radicalmente, excluindo aqueles cujas habilidades já foram muito requisitadas.

“Converso todos os dias com pessoas cujas carreiras estão de certa forma acabadas”, disse Chris Wilcha, 53, um diretor de cinema e TV em Los Angeles.

Pessoas no final dos seus 40 ou 50 anos um dia imaginaram que seriam capazes de alcançar uma carreira sólida. Não é difícil ouvir histórias sobre o fotógrafo cujo trabalho secou, o designer que não consegue ser contratado ou o jornalista de revista que não está fazendo muita coisa.

A Geração X, nascida nas décadas de 1960 e 1970, cresceu como os irmãos mais novos dos baby boomers, nascidos entre as décadas de 1940 e 1950. Mas o cenário midiático dos primeiros anos adultos da Geração X se assemelhava muito ao dos boomers: um ambiente analógico de telefones fixos, aparelhos de TV de tubo, discos de vinil, revistas brilhantes e jornais que deixavam tinta nas mãos.

Quando a tecnologia digital começou a se infiltrar em suas vidas, com contas de email, redes sociais e downloads, nada parecia uma ameaça. Mas quando chegaram ao auge de suas carreiras, grande parte de sua bagagem profissional se tornou praticamente obsoleta.

Mais de uma dúzia de membros da Geração X entrevistados para esta reportagem disseram que agora se sentem excluídos, econômica e culturalmente, das áreas de trabalho que escolheram.

“Meus colegas, amigos e eu continuamos a navegar pela obsolescência imprevista das carreiras que escolhemos no início dos nossos 20 anos”, disse Wilcha. “As habilidades que você cultivou, o ofício que aperfeiçoou, tudo isso simplesmente desapareceu. É surpreendente.”

Cada geração tem seus fardos. A situação particular da Geração X é ter crescido em um mundo apenas para chegar à meia-idade em uma terra nova e estranha. É como se estivessem fabricando castiçais quando a eletricidade chegou. O valor de mercado de suas habilidades despencou.

Karen McKinley, 55, executiva de publicidade em Minneapolis, viu colegas talentosos serem “descartados”, disse ela, à medida que as agências se fundiram, reduziram pessoal e focaram em conteúdo rápido e barato para mídias sociais em vez de sessões de fotos elaboradas.

“Há vinte anos, você realmente faria uma sessão de fotos”, disse McKinley. “Agora, você pode usar influenciadores que não têm experiência em publicidade.”

Na esteira dos influenciadores vem outra questão: a inteligência artificial, que ameaça substituir muitos dos redatores, fotógrafos e designers remanescentes da Geração X. Até 2030, as agências de publicidade nos Estados Unidos devem perder para a tecnologia 32 mil empregos, ou 7,5% da força de trabalho do setor, de acordo com a empresa de pesquisa Forrester.

A eliminação de empregos e a reviravolta nos modelos de negócios de longa data chegaram em um momento ruim para a Geração X. O custo de vida disparou, especialmente nas cidades litorâneas, e os encargos com hipotecas, mensalidades universitárias dos filhos e cuidados com idosos podem ser mais pesados na meia-idade.

A aposentadoria não está tão distante, teoricamente —mas a Geração X está menos segura financeiramente do que os baby boomers e não tem poupança suficiente para a aposentadoria, de acordo com pesquisas recentes.

A velha economia ainda prevalece em alguns lugares —empresas de mídia tradicionais que não foram devoradas pela internet, estúdios de cinema que continuam cheios de dinheiro. Mas mesmo nesses negócios, o número de empregos diminuiu, e os trabalhadores estão inquietos.

As mudanças afetaram outros campos também. Quando a fotografia se tornou digital, técnicos de laboratório fotográfico e retocadores manuais de repente se tornaram tão desnecessários quanto escribas medievais. A onipresença das câmeras de smartphones e softwares de edição fáceis de usar fez com que aqueles que possuíam as antigas habilidades parecessem quase antiquadas.

Chris Gentile, que foi diretor criativo do estúdio fotográfico interno da empresa de revistas Condé Nast de 2004 a 2011, disse que os melhores fotógrafos costumavam ganhar cinco dígitos por sessão. “Agora, você pode contratar um garoto de 20 anos que fará o trabalho por US$ 500”, disse.

Na publicidade, as marcas abandonaram campanhas impressas e de TV que exigiam grandes equipes por planos de marketing que dependiam de postagens em mídias sociais, uma tendência que começou com o lançamento do Instagram em 2010.

“Aquele comercial de TV em que você passou seis meses agora se torna uma execução do TikTok em que você gasta seis dias”, disse Greg Paull, diretor da R3, uma consultoria de marketing.

Além da perda de renda, há o desgaste emocional —sentimentos de luto e perda— experimentado por aqueles cujas carreiras são interrompidas.

Alguns podem dizer que a Geração X, na área de publicação, música, publicidade e entretenimento, teve sorte de ter esses empregos, que durou tempo demais. Mas é difícil deixar uma vocação que proporcionou realização e um senso de identidade. E não é fácil se reinventar aos 50 anos, especialmente em indústrias que valorizam a cultura jovem.

À medida que as oportunidades e a renda diminuem, a Geração X em áreas criativas está avaliando suas opções. Mudar-se para um lugar de menor custo e permanecer comprometido com o trabalho que você ama? Procurar um emprego corporativo sem graça que possa fornecer seguro de saúde e um salário estável até a aposentadoria?

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