A Superintendência-Geral do Cade aprovou nesta segunda-feira (2), sem restrições, a fusão entre Petz e Cobasi, permitindo o surgimento de um gigante no setor.
O órgão observou que a operação gera concentração relevante em algumas localidades em relação ao comércio varejista de produtos para animais de estimação. Mas isso é compensado pela facilidade de entrada nesse mercado, por sua ampla diversidade e pelo grande número de concorrentes.
A transação foi anunciada ao mercado em meados de agosto de 2024. Em fato relevante, ambas informaram possuir 11% de participação no total do mercado pet brasileiro.
De acordo com as condições pactuadas, os acionistas da Cobasi receberão 47,4% da nova companhia. Os da Petz terão 52,6% e mais R$ 400 milhões, sendo R$ 130 milhões distribuídos em dividendos.
A receita bruta anual deve girar em torno de R$ 7 bilhões. A economia de custos estimada com a fusão chega a R$ 330 milhões com as sinergias.
O mercado de pets já movimenta R$ 77 bilhões, segundo a Abinpet (Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação), um crescimento de 12% em relação ao ano anterior. Mais da metade das vendas se refere a alimentos (R$ 42 bilhões).
Os pequenos e médios pet shops, pulverizados em bairros, concentram quase metade das vendas no setor.
Segundo a análise do Cade, a diversidade de atores, modelos de negócios e portes impede a consolidação de um formato dominante, favorecendo a fusão. Marketplaces, supermercados, agrolojas e petshops menores são capazes de exercer pressão competitiva suficiente para conter eventual exercício de poder de mercado pelas redes após a fusão.
Como noticiou o Painel S.A., a demora na aprovação da operação ocorreu porque a estratégia de Petz e Cobasi foi, inicialmente, convencer o Cade de que a fusão entre elas não representa danos à concorrência porque seus maiores rivais são marketplaces como Mercado Livre, Shopee, Alibaba, entre outros.
À época, técnicos do Cade discordaram e afirmaram que, diante da recusa das empresas de considerarem o mercado de pet shops físicas, eles fariam a análise do mercado, processo que poderia consumir todo o prazo legal previsto —até 240 dias, podendo chegar a 330 dias.
Com Stéfanie Rigamonti