O ministro do TCU (Tribunal de Contas da União) Walton Alencar enviou um comunicado ao plenário levantando suspeitas sobre a atual gestão da ApexBrasil na montagem do pavilhão do Brasil na Expo 2025, que ocorre em Osaka, no Japão. Ele pede uma auditoria especial nas despesas do evento.
No documento, obtido pelo Painel S.A., o ministro informa que o projeto vencedor para a construção do estande brasileiro foi o do arquiteto Márcio Kogan.
Promovido pelo Instituto dos Arquitetos do Brasil, o concurso ocorreu em 2022, mas, segundo Alencar, a Apex não respeitou sequer a ordem de classificação.
“Causou-me preocupação ver a absoluta ausência de informações acerca desta e de outras contratações inerentes à Expo 2025 no sítio eletrônico da ApexBrasil, que deveria apresentar com total transparência a regularidade dos gastos com recursos públicos nesse empreendimento”, escreveu o ministro.
“Não há transparência ativa quanto aos valores e aos critérios de seleção, tanto do projeto artístico escolhido como das empresas responsáveis pela execução das obras, cujo custo estimado é de centenas de milhões de reais.”
Alencar afirma que “esses fatos” não são isolados e ganham relevância porque a auditoria das contas da Apex hoje são vinculadas às da Presidência da República.
Segundo ele, isso representa “uma perda de independência para a fiscalização da entidade”.
Valor acima do previsto motivou troca
Consultada, a ApexBrasil disse, via assessoria, que não recebeu qualquer notificação da corte de contas.
A agência informou que precisou abrir mão do projeto anterior do pavilhão do Brasil na Expo 2025 porque a obra apresentou valores muito acima do orçado inicialmente. Além do custo elevado, o cronograma tornava inviável a entrega a tempo, o que colocaria em risco a participação brasileira.
“Diante desse cenário, o governo japonês se ofereceu para construir o pavilhão em um novo modelo, prática que também foi adotada em relação a diversos outros países, o que resultou em solução mais eficiente e com custos significativamente reduzidos”, disse em nota.
A curadoria do novo projeto ficou sob a responsabilidade da cenógrafa Bia Lessa, artista experiente e de renome internacional, que também assinou o pavilhão brasileiro na Expo de Hannover, em 2000.
“Seu trabalho em Osaka tem recebido ampla repercussão positiva: mais de 250 mil pessoas já visitaram o espaço brasileiro”, disse a Apex. “Com a reformulação do modelo do pavilhão, a ApexBrasil convidou os arquitetos envolvidos no projeto original a permanecerem na equipe, mas eles optaram por não seguir.”
A agência informou ainda que os pagamentos pelos serviços prestados até a mudança —mais de R$ 5 milhões— foram devidamente realizados.
Com Stéfanie Rigamonti