O choque de uma guerra comercial traz efeitos diferentes para os bancos centrais de mercados emergentes em comparação aos observados durante a pandemia da Covid-19, quando eles puderam afrouxar rapidamente a política monetária, disse economista-chefe do FMI (Fundo Monetário Internacional) Gita Gopinath.
Em entrevista ao jornal Financial Times, a também primeira vice-diretora gerente do Fundo disse que o impacto imprevisível das tarifas sobre as economias emergentes e os mercados globais dificultará a tarefa de seus bancos centrais.
“Desta vez, o desafio será maior para eles, em comparação com a pandemia”, disse.
A fala reforça as previsões da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), que afirmou que a economia global está entrando em seu período de crescimento mais fraco desde a pandemia de coronavírus com a guerra comercial de Trump.
Segundo o órgão, espera-se que o crescimento global seja de 2,9% em 2025 e 2026, disse a OCDE em sua mais recente perspectiva completa. O número excedeu 3% todos os anos desde 2020, quando a produção despencou devido à pandemia.
Ainda na visão da OCDE, o crescimento dos EUA será particularmente afetado, caindo de 2,8% no ano passado para apenas 1,6% em 2025 e 1,5% em 2026, enquanto um surto de inflação mais alta impedirá que o Fed (Federal Reserve, banco central dos EUA) corte as taxas este ano, disse a OCDE.
O presidente americano, Donald Trump, anunciou seu pacote de tarifas recíprocas aos parceiros comerciais em 2 de abril. O aumento na taxa tarifária efetiva média dos EUA, contudo, é “sem precedentes”, de 2,5% para mais de 15% —a mais alta desde a Segunda Guerra Mundial, observou a OCDE.