/ Jun 06, 2025

Modelos de risco climático para seguro no Brasil – 04/06/2025 – Mercado

A Guy Carpenter, corretora americana que atua nas áreas de seguro e resseguro —popularmente chamado de seguro das seguradoras— está criando modelos para medir riscos climáticos no Brasil. Já finalizou metodologia para alagamento e está preparando para vendavais e incêndios.

Outras empresas do setor já replicaram e rodaram modelos de riscos climáticos internacionais no Brasil, mas os da Guy Carpenter são os primeiros modelos feitos detalhadamente para o país.

O presidente da empresa no Brasil, Pedro Farme, explica que é possível medir a probabilidade de ocorrência de alterações climáticas em qualquer região, ajudando as seguradoras a dimensionar o risco de cada local.

Projetar o impacto das alterações do clima é fundamental para que as empresas consigam não apenas definir o preço dos seguros, mas até oferecer o seguro. O aumento de eventos climáticos extremos sem modelos de projeção de risco tem levado à suspensão da oferta de seguros em áreas do país que se mostraram mais críticas.

“Se você não conhece o risco, não faz o seguro. Com esses modelos, acreditamos que será possível não apenas oferecer o seguro, mas também ampliar o acesso”, explica.

Segundo Farme, os modelos criados para o Brasil são muito sensíveis. “Quanto mais dados tivermos —CEP, andar da residência, subsolo, longitude e latitude, por exemplo— mais preciso é o resultado.”

Foi possível, por exemplo, identificar que a cada dois graus de aumento médio da temperatura multiplica por três o tamanho do estrago em Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul —ou seja, um aumento de 300%. No Rio de Janeiro, o efeito é parecido, 270%. O mesmo não ocorre na cidade de São Paulo, onde o aumento do impacto é de apenas 12%.

A vice-presidente da empresa no Brasil, Stephanie Fonseca, lembra que a meta inicial era desenvolver o modelo para vendavais, por causa da ocorrência de ciclones em Santa Catarina. “Quando vieram as enchentes no Rio Grande do Sul, explicamos para matriz que era necessária uma mudança de planos”, explica.

Os executivos contam que a Guy Carpenter tem criado e aperfeiçoado modelos de desastres climáticos em vários pontos do planeta. O refinamento da modelagem para o Caribe, por exemplo, permitiu que os resseguros possam ser pagos de 12 a oito horas após um furacão.

Entre as empresas que trabalham para a construção de modelos climáticos brasileiros está o IRB (Re), antigo Instituto de Resseguros do Brasil, hoje uma empresa privada listada em Bolsa. Segundo o diretor de Novos Negócios, João Rabelo Jr., foi criada até uma área de P&D com foco em clima, justamente com metas como o desenvolvimento de modelos de risco próprios para o Brasil.

“Procuramos e identificamos que não havia modelos de riscos para o clima tropical, e vamos olhar esse da Guy Carpenter, que pode acelerar o nosso processo”, disse Rabelo.

O setor de seguros no Brasil tem fortalecido a discussão sobre mudanças climáticas, especialmente após o registro das fortes secas no Norte e das enchentes no Sul.

A CNseg (Confederação Nacional das Seguradoras) terá pela primeira vez um espaço físico num dos maiores eventos focado nessa temática, a COP30 (30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas), que ocorre em Belém, capital do Pará, em novembro deste ano. Nas anteriores foi representada apenas por comitivas.

“Nas últimas 29 COPs não houve uma palavra sobre o papel do seguro nas mudanças climáticas, e não há espaço para fugir de seus riscos, que estarão presentes em todas as nossas atividades”, afirma Dyogo Oliveira, presidente da CNseg.

“Aproveitamos a oportunidade de participar e oferecer soluções, ou corremos o risco de sermos excluídos das decisões de política pública nessa área.”

Os impactos das mudanças climáticas no setor de seguros foi um dos temas discutidos no Fórum de Seguros Brasil – França, que ocorreu nesta quarta-feira (4), em Paris. O evento foi organizado em parceria por CNseg e France Assureurs, entidade que representa o setor na França, na sede global da CNP Assurances.

A repórter viajou à França a convite da CNseg.

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