Em dez dias, estádios com mais de 20 mil lugares passarão a liberar acesso de torcedores por reconhecimento facial, uma exigência da Lei Geral do Esporte. O investimento esperado nesse processo é de R$ 100 milhões.
Estima-se que o custo total de operação, incluindo montagem das catracas e manutenção, varie entre R$ 4 milhões e R$ 9 milhões, a depender do tamanho de cada estádio.
Nove estádios das séries A e B já têm o sistema instalado pela empresa Imply. São eles: Arena Independência (América-MG), Beira-Rio (Internacional), Ilha do Retiro (Sport), Ligga Arena (Athletico), São Januário (Vasco), Alfredo Jaconi (Juventude), Casa de Apostas Arena Fonte Nova, que abriga os jogos dos times baianos, e Arena Castelão e Estádio Presidente Vargas, que abrigam os jogos do Fortaleza, Ceará e de outros times do estado.
Alguns clubes já adotam essa tecnologia há alguns anos, caso do Goiás, que foi o pioneiro a utilizar no estádio Hailé Pinheiro, em 2022, seguido pelo Palmeiras, no Allianz Parque, em 2023.
Mais segurança e fim do cambismo
Com clientes como Conmebol e FIFA no currículo, a empresa foi pioneira na venda de ingressos pela internet para o futebol em 2007. Somente em 2024, foram 10 milhões de ingressos vendidos e 424 jogos operados em 18 campeonatos, com 19 clubes e seleções atendidos.
“Essa tecnologia contribui para que os torcedores tenham uma experiência de acesso mais rápida e conveniente. É possível acessar somente com o rosto, sem precisar carregar mídias físicas ou cartões, e a validação acontece em menos de 1 segundo”, diz Tironi Paz Ortiz, CEO e fundador da Imply.
De acordo com o executivo, a nova tecnologia trouxe praticidade aos torcedores, além de praticamente acabar com algo que parecia impossível: o cambismo. “O ingresso físico ou digital passou a ser o rosto da pessoa, por meio de um único CPF.”
Entre os grandes times do Brasil, o Palmeiras foi o primeiro a implementar a tecnologia em todo o estádio. Depois de enfrentar vários problemas com cambistas no ano de 2022, o Alviverde apresentou o formato como forma de resolver essa questão em 2023. A medida foi muito bem aceita pela torcida Alviverde e, após testes em alguns setores da casa palestrina, o sistema é utilizado em todos os portões do Allianz Parque.
Procurados pela polícia
Outro detalhe importante neste processo é a segurança. Recentemente, no jogo entre Fortaleza e Colo Colo, pela Libertadores, mais de 500 de torcedores do time chileno, que estavam proibidos pela Justiça de entrarem no estádio, foram identificados e bloqueados na tentativa de compra de ingressos para o setor destinado à torcida do Fortaleza, na Arena Castelão.
“A tecnologia, que valida e cruza dados biométricos e documentos com bases de segurança oficiais, reforça o compromisso com a integridade e segurança dos eventos esportivos, impedindo o acesso de usuários sem permissão”, diz Paz Ortiz.
No estádio do Palmeiras, dezenas de procurados pela Justiça já foram identificados com o auxílio da ferramenta e presos. Isso também ocorreu na Arena Castelão (CE).
No Rio de Janeiro, todos os clubes grandes —Flamengo, Fluminense, Vasco e Botafogo— já implementaram o sistema de reconhecimento facial para o acesso aos jogos.
“O reconhecimento facial é apenas o início desta tendência, em que todos são beneficiados”, celebra Henrique Borges, CEO da Somos Young, companhia que utiliza tecnologia de ponta para fazer o atendimento a sócios de clubes como Cruzeiro e Coritiba.
Com Stéfanie Rigamonti