A Invepar, controladora da concessionária do aeroporto de Guarulhos, fechou um acordo com credores nesta segunda-feira (16) para paralisar a cobrança de dívidas do grupo e de suas empresas e evitar uma recuperação judicial.
Chamado de “standstill”, o acordo tem prazo de 15 dias, prorrogáveis por mais uma quinzena, e serve para proteger o caixa, os ativos e as operações do grupo, da Lamsa (concessionária da Linha Amarela, no Rio de Janeiro), da Lambra (subsidiária da Invepar que era responsável por uma concessão rodoviária no Peru por meio da antiga Línea Amarilla, atualmente chamada Lima Expresa) e da concessionária BR-040.
Em fato relevante, a Invepar disse que o acordo, que deve ter fim no dia 2 de julho, foi celebrado com seus principais credores: Banco do Brasil, Bradesco, BDMG (Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais), Itaú Unibanco e o fundo árabe Mubadala.
“A Invepar e suas controladas mantêm seus compromissos públicos de seguirem alinhadas às práticas de mercado e manifestam a certeza de que chegarão a bom termo nas negociações com seus credores”, escreve a companhia em nota.
Na tarde desta terça-feira (17), acionistas da Invepar suspenderam novamente uma assembleia que avaliaria se a direção do grupo teria autorização para protocolar um pedido de recuperação judicial. Os trabalhos podem ser retomados a qualquer momento.
A empresa passa por um período de turbulência financeira, com dívida que chega a R$ 1,5 bilhão.
Em 15 de maio, a Invepar havia pedido à Justiça do Rio de Janeiro uma cautelar para antecipar os efeitos de uma futura recuperação judicial, como forma de proteger o caixa do grupo e de suas controladas. A medida foi concedida no dia seguinte, em 16 de maio, pelo juiz Arthur Eduardo Magalhães Ferreira, da 5ª Vara Comercial do Rio de Janeiro.
Em fato relevante, também em maio, a Invepar disse que protocolaria pedido de recuperação judicial caso não conseguisse chegar a um acordo com seus credores nesse prazo.
No pedido de cautelar, a Invepar diz que possui dívida de mais de R$ 670 milhões referente a debêntures do fundo árabe Mubadala e dos fundos de pensão Previ (Banco do Brasil), Petros (Petrobras) e Funcef (Caixa Econômica).
A empresa detém atualmente 80% das ações da Aeroporto de Guarulhos Participações S.A, sociedade que, por sua vez, possui 51% das ações da GRU Airport, concessionária do aeroporto de Guarulhos.
É também acionista controladora da Lamsa e minoritária na Via Rio, concessionária que administra 13 km do corredor Presidente Tancredo de Almeida Neves, a Transolímpica, na capital fluminense.
Além disso, o grupo também é acionista controlador da Via 040, antiga concessionária responsável pelo trecho da BR-040 entre Brasília e Juiz de Fora (MG). A rodovia foi leiloada em 2013, e a previsão era de que o contrato valeria por três décadas.
No entanto, cerca de três anos depois, em 2017, a Invepar anunciou que entraria com um pedido de relicitação –devolução amigável do ativo–, para que um novo leilão fosse feito pelo governo. O pedido foi aprovado em 2019.
As atividades da Via 040 foram encerradas em agosto de 2024, depois de o trecho ser fatiado em novas concessões.
No último relatório de resultados divulgado pelo grupo, referente ao quarto trimestre do ano passado, a Invepar registrou um prejuízo líquido de R$ 40,4 milhões. No mesmo período de 2023, a empresa havia relatado lucro de R$ 5,2 milhões.